São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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GUERRA CIVIL

Combatendo rebeldes há 2 décadas, grupo é acusado por massacres

Paramilitares da Colômbia anunciam trégua unilateral

DA REDAÇÃO

As AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar de direita do país, declararam um cessar-fogo unilateral, a partir de amanhã, nos combates com as guerrilhas de esquerda, contra as quais lutam desde a década de 1980.
As AUC dizem que o cessar-fogo é um reconhecimento da capacidade do governo do presidente Álvaro Uribe de combater as guerrilhas e uma demonstração de vontade para iniciar negociações de paz com as autoridades.
"Numa demonstração explícita de nossa vontade permanente de buscar a paz no país, as AUC tomaram a decisão histórica de declarar um cessar-fogo unilateral em todo o país", diz um comunicado divulgado ontem na página do grupo na internet, assinado pelo seus líderes Carlos Castaño e Salvatore Mancuso.
O documento estabelece 12 pontos para o cessar-fogo, que inclui o direito de se autodefender de eventuais ataques dos rebeldes.
Os grupos paramilitares foram formados nos anos 1980 como uma força de vigilância formada por fazendeiros e traficantes de drogas para se defender contra sequestros e ameaças das guerrilhas. Eles são também acusados pelos principais casos de desrespeito aos direitos humanos no país, com massacres a populações civis de áreas rurais que supostamente apóiam a guerrilha.
O cessar-fogo decretado pelas AUC deve levar à desmobilização de cerca de 10 mil combatentes. O grupo controla cerca de 70% dos paramilitares no país.
As AUC pediram ao governo proteção para a população que vive nas áreas controladas pelo grupo, antecipando possíveis ataques de grupos rebeldes.
Para analistas, a atitude dos paramilitares é uma resposta à pressão dos EUA, que colocaram as AUC em sua lista de organizações terroristas internacionais e pediram a extradição de seus líderes por narcotráfico. Castaño sugeriu no mês passado que se entregaria aos EUA, mas voltou atrás.
Além disso, os analistas também consideram que seria difícil para os EUA manter a ajuda econômica e militar ao Plano Colômbia, contra o narcotráfico e os grupos armados ilegais, se persistissem as ações paramilitares, cometidas supostamente com apoio de setores das Forças Armadas.


Com agências internacionais


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