São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Suíços aprovam lei que veta construção de minaretes no país

Contra previsões, "sim" vence por 57,5%; líder islâmico se diz chocado mas pede calma aos fiéis

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

Os eleitores suíços decidiram ontem vetar no país a construção de minaretes -a torre das mesquitas usada para convocar os muçulmanos às preces.
O "sim" ao veto teve 57,5% dos votos, e o índice de comparecimento foi de 53,4%.
O resultado do plebiscito contradiz as pesquisas de opinião e levou tanto o governo como a comunidade muçulmana local a colocarem panos quentes no tema, temendo a explosão de protestos no mundo islâmico, semelhantes aos que visaram a Dinamarca após a publicação de charges do profeta Maomé em 2006.
"Esse resultado mostra que os muçulmanos na Suíça e o governo ainda têm de fazer mais para explicar o islã à população", disse à Folha Youssef Ibram, da Fundação Cultural Islâmica de Genebra e imã da maior mesquita da cidade.
Ibram se disse chocado com o resultado. Até sexta, pesquisas apontavam a vitória do "não" ao veto com 53%. Nem o grupo que propusera a consulta popular acreditava em vitória -o deputado Oskar Freysinger, do ultradireitista Partido do Povo Suíço (SVP), afirmara que ficaria "surpreso" com ela. Há quatro minaretes no país -um deles em Genebra, um dos poucos cantões a rejeitarem o veto- e todos continuarão de pé.
Mas o grupo patrocinador do plebiscito, composto por um punhado de deputados do SVP e aliados evangélicos que veem na torre um símbolo do islã político e radical, alegava que novos subiriam com o aumento do afluxo muçulmano ao país.
A ministra da Justiça, Eveline Widmer-Schlumpf, apressou-se em frisar que o veto "não constitui a expressão de uma rejeição da comunidade muçulmana, da sua religião ou sua cultura". O governo federal, impedido de barrar a consulta pedida em abaixo-assinado, sempre se disse contra.
O imã Ibram disse que os muçulmanos na Suíça respeitarão os resultados da "democracia direta" e apelou por calma nos países islâmicos. "Não precisamos de comportamento que vá nos dar uma imagem ruim na Suíça. Não queremos um "problema dinamarquês"."


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