São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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EUA souberam de tumor de Morales por Nelson Jobim

DE BRASÍLIA
DE BUENOS AIRES

Diplomatas dos EUA relatam terem ouvido do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que o presidente da Bolívia, Evo Morales, sofre de um "grave tumor" na cabeça. Esse despacho confidencial é de 22 de janeiro de 2009.
Redigido pelo então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, o telegrama faz parte de um conjunto de seis documentos aos quais a Folha teve acesso ontem com exclusividade do site WikiLeaks.
Sobel diz ter tomado conhecimento da enfermidade durante uma conversa com Jobim "posterior a uma reunião presidencial de 15 de janeiro, em La Paz" entre Lula e Morales.
Nesse encontro, "o ministro da Defesa do Brasil (protegido) confirmou um rumor anterior que Morales sofre de um grave tumor na região do septo nasal", escreveu o então embaixador dos EUA.
A colocação da expressão "protegido", entre parênteses após o nome de Jobim, indica que o diplomata americano pedia reserva em relação à fonte da informação.
"Jobim disse ao embaixador que Lula tinha oferecido a Morales um exame e tratamento em um hospital em São Paulo", prossegue.
Mas o tratamento teria sido adiado, diz Sobel, porque a Bolívia passava por um delicado momento político. Estava marcado um referendo em 25 de janeiro do ano passado, no qual seria aprovada a nova Constituição do país.
Jobim, que participou do encontro em La Paz, relatou ao diplomata que "o tumor poderia explicar por que Morales demonstrou estar desconcentrado [...] nessa e em outras reuniões recentes".

HONDURAS
O ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em junho de 2009, anunciou ontem que usará comunicados confidenciais da diplomacia dos EUA revelados pelo WikiLeaks para denunciar o governo americano ao TPI (Tribunal Penal Internacional).
Para Zelaya, um documento enviado desde Tegucigalpa ao Departamento de Estado evidencia "cumplicidade" com os golpistas.
A correspondência, enviada 26 dias após o golpe, é assinada pelo embaixador dos EUA no país, Hugo Llorens.
No documento, o embaixador diz que "não há dúvidas" de que os militares, a Corte Suprema e o Congresso hondurenhos conspiraram para derrubar o governo.
Llorens diz ainda que a suposta carta de renúncia do presidente foi "fabricada".
(FERNANDO RODRIGUES E GUSTAVO HENNEMANN)


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