São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Telegramas mostram esforço dos EUA para reunir dados de amigos e inimigos

PETER APPS
DA REUTERS

De números de cartão de crédito de líderes africanos a amizades de políticos britânicos, os telegramas vazados pelo WikiLeaks mostram que diplomatas dos EUA não deixaram pedra sobre pedra em seus esforços para reunir informações de amigos e também de inimigos.
Os telegramas incluem pedidos para, e relatórios sobre, uma variedade de assuntos, de previsões de colheita a compras de equipamento militar e comentários sociais, mas focalizam nas atividades de importantes figuras.
"A comunidade de inteligência depende de agentes do Estado para muitas informações biográficas coletadas em todo o mundo", dizem diversos dos telegramas.
"Informações biográficas via e-mail e outros meios são vitais para os esforços de coleção da comunidade."
Pedidos incluem nomes de organizações e de cargos, outros detalhes de cartões de visita, endereços de e-mail, de websites, números de cartões de crédito, detalhes de voos frequentes e agendas de trabalho.
Senhas de computadores também eram pedidas, assim como dados biométricos -mas não está claro com qual objetivo.
Um telegrama divulgado pelo britânico "Guardian" de janeiro deste ano mostra um funcionário sênior do Departamento de Estado agradecendo à embaixada em Londres pela informação sobre um ministro de oposição.
Alan Duncan -agora ministro de desenvolvimento internacional após a eleição de maio que levou ao poder a coalizão entre Conservadores e Liberais-Democratas- é um ex-comerciante de petróleo e um dos políticos sêniores abertamente gays.
O Departamento de Estado dos EUA disse que é particularmente bem-vinda a informação a respeito de sua experiência no Oriente Médio e a amizade com o agora ministro das Relações Exteriores, William Hague.
Hague foi forçado a negar ser gay no início deste ano depois de um jornal ter noticiado que ele dividiu um quarto de hotel com um de seus assessores.
"Analistas acharam a [...] informação particularmente perspicaz e excepcionalmente bem-vinda de como os analistas estão preparando produtos finais na liderança conservadora sênior", disse o documento.
Em seguida, o documento solicitou mais informações, incluindo a relação de Duncan com Hague e o agora premiê David Cameron, uma visão sobre o papel que ele poderia ter em um governo conservador, bem como a sua maior ambição política.
Alguns especialistas temem que diplomatas americanos comecem a manter seus melhores contatos mais reservados.
"Uma vez que a confiança do Departamento de Estado como um parceiro confiável corrói a conversa, é mais difícil de reparar", afirmou o ex-funcionário da CIA John LeBeau, professor de estudos de segurança nacional do Centro Europeu George C. Marshall, na Alemanha.


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