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Ofensiva limita ação de Obama por diálogo
Para analistas nos EUA, ataque israelense manda recado a novo governo americano
Equipe que toma posse no dia 20 dá pistas de que não mudará alinhamento total com Israel vigente durante
a Presidência de Bush
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Depois de prometer durante
a campanha eleitoral atuação
engajada no conflito entre israelenses e palestinos, Barack
Obama terá de rever seu plano
antes mesmo de tomar posse,
no próximo dia 20. Os recentes
ataques de Israel à faixa de Gaza não apenas limitam o escopo
do que o presidente eleito poderá fazer como ainda colocam
em xeque qualquer perspectiva
de negociações de paz.
"Claramente, [a situação
atual] complica qualquer tentativa de esforço diplomático de
Obama", afirma Steve Cook,
membro sênior para o Oriente
Médio do centro de estudos
Council on Foreign Relations.
"Não dá para negociar com Israel em meio a esse ataque aos
palestinos."
"O que Israel está dizendo a
Obama agora é: "Neste momento, você precisa nos dar espaço
para lidar com este problema'",
disse Dan Senor, também do
Council on Foreign Relations.
Para os analistas, que participaram de uma teleconferência
ontem, os israelenses se agarram a uma fala de Obama na cidade de Sderot durante a campanha à Presidência. Na época,
o democrata afirmou que, "se
alguém estivesse lançando foguetes contra a casa onde minhas filhas dormem, eu tentaria pôr um fim a isso".
"Eles querem garantir a cobertura política de Obama",
disse Senor.
Até agora, o presidente eleito
se manteve silencioso. Mas
membros da equipe de transição dizem que ele está acompanhando as ações de perto.
Pouco, porém, do que foi dito
pelo democrata até agora indica que sua abordagem do problema seria substancialmente
diferente da do governo de
George W. Bush, que mantém
apoio irredutível a Israel.
Apesar de no início da campanha eleitoral ter dito não se
opor a negociações diretas com
o Hamas, em julho Obama se
moveu para uma posição mais
próxima da de Bush e disse que
não incluiria o grupo islâmico
em negociações sem que ele,
antes, reconhecesse Israel e os
acordos já assinados entre os
israelenses e a Autoridade Nacional Palestina, controlada pelo partido rival Fatah.
Processo morto
A divisão da liderança palestina é considerada um empecilho ao avanço de negociações
com Israel. Um exemplo é a falta de resultados do diálogo promovido pelo governo Bush a
partir da Conferência de Annapolis, em novembro de 2007.
Agora, mesmo os esforços falhos dos EUA retrocederam. "O
processo de paz está morto",
afirmou ao "Financial Times" o
professor de relações internacionais da Universidade do
Kuait Abdullah Alshayji. "Os israelenses estão destruindo toda a confiança e queimando todas as pontes [de diálogo]."
O jornal britânico observa
que a situação criada pelo ataque a Gaza contrasta com o clima mais promissor existente
na região há poucos meses, com
as negociações mediadas pela
Turquia entre Síria e Israel, a
trégua entre Israel e o Hamas e
o acordo, mediado pelo Qatar,
que reincorporou o Hizbollah
ao governo ao libanês.
"[O ataque a Gaza] foi um
golpe nessa tendência de esfriar as crises e se mover na direção de solução conciliatórias,
pavimentando o caminho para
que o novo governo americano
embarcasse numa nova atitude", disse um analista sírio. "As
pessoas tinham esperança, depois do fracasso de Bush, mas
agora só há gente morrendo."
Apesar disso, nos EUA há
quem mantenha o otimismo.
"A diplomacia pró-acordos de
paz é uma alta prioridade para
Obama. Depois que a poeira
baixar, o governo poderá ter
uma chance de exercer influência", disse Cook. "Israel não
quer uma briga com os EUA, de
quem depende."
Na Casa Branca atual, o apoio
a Israel foi reiterado ontem.
Gordon Johndroe, porta-voz
do Conselho de Segurança Nacional, voltou a responsabilizar
o Hamas pela situação em Gaza
e não pediu a Israel o fim dos
ataques. "O Hamas deve parar
de lançar foguetes contra Israel
e concordar em respeitar um
cessar-fogo sustentável e duradouro", disse Johndroe.
Com o "Financial Times"
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