São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2008

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Protesto convocado por Hizbollah reúne dezenas de milhares em ruas de Beirute

DA REDAÇÃO

Dezenas de milhares de pessoas tomaram ontem as ruas de Beirute, capital do Líbano, em meio a uma onda de protestos que se espalha pelo Oriente Médio e ilustra cada vez mais a defasagem entre a imensa revolta popular contra a morte de palestinos e a relutância dos governos árabes em agir contra os ataques em Gaza.
Depois de se reunirem num estádio de Beirute, os manifestantes assistiram num telão à projeção de um vídeo no qual o líder do grupo xiita Hizbollah fez um apelo por uma terceira Intifada (revolta) contra Israel.
"Convoco uma terceira Intifada na Palestina e em todos os Estados árabes, já que o objetivo [dos ataques israelenses] é reprimir as aspirações palestinas", disse Hassan Nasrallah, que vive escondido por temer ser assassinado por Israel.
A primeira Intifada aconteceu nos territórios palestinos entre 1987 e 1993 e a segunda foi lançada em setembro de 2000 e durou cinco anos.
Nasrallah também advertiu Israel de que uma ofensiva terrestre contra Gaza poderia ter o mesmo destino que a guerra lançada contra o Hizbollah em 2006, quando o Exército israelense recuou do front após perder mais de cem soldados.
O líder do Hizbollah reiterou ainda as críticas feitas na véspera ao governo egípcio, que acusou de ser complacente com a morte de palestinos ao manter relações diplomáticas plenas com Israel e ao se recusar a abrir a fronteira com Gaza -pressionado, o Cairo permitiu ontem que 32 feridos atravessassem a cerca para ser tratados no Egito e exigiu que Israel cesse os ataques.
O chanceler egípcio, Nabil Aboul Gheit, rebateu as acusações de Nasrallah e disse que o Hizbollah está "tentando semear o caos como fez [no Líbano] para servir aos interesses daqueles que não querem o bem da região", numa alusão ao apoio do Irã ao grupo xiita.
O regime egípcio foi novamente criticado em protesto que reuniu ontem milhares pessoas no Cairo -houve mais críticas aos países árabes no Iraque, Sudão e Jordânia.
Analistas afirmam que o Egito ilustra a contradição entre populações e governos da região, tidos como coniventes com os ataques. Egito e Arábia Saudita, as duas potências árabes, encaram tanto o Hizbollah quanto o Hamas como instrumentos geopolítico do rival Irã e têm interesse em vê-los enfraquecido, analisa o jornal israelense "Haaretz".
Os chanceleres árabes se reúnem amanhã no Qatar para preparar cúpula emergencial na sexta-feira.


Com agências internacionais


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