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Padre anticapitalista admite ter cometido abuso sexual
Um dos fundadores do Fórum Social Mundial, teólogo belga François Houtart diz que molestou primo de oito anos de idade
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O padre e sociólogo belga
François Houtart, 85, um dos
idealizadores do Fórum Social Mundial, admitiu por escrito ter abusado sexualmente de um primo menor nos
anos 70.
Em carta divulgada ontem
pelo jornal belga "Le Soir",
Houtart corrobora algumas
denúncias feitas pela irmã da
vítima para impedi-lo de concorrer ao Nobel da Paz.
Houtart é um dos líderes
do altermundialismo, movimento que pede uma alternativa ao capitalismo.
Na carta, o padre conta
que os abusos ocorreram
quando ele esteve hospedado na casa de tios, nos arredores da cidade de Liège.
"Ao atravessar o quarto de
um dos filhos, toquei as suas
partes íntimas por duas vezes, o que o acordou e o assustou", descreve Houtart.
"Foi evidentemente um
ato inconsequente e irresponsável", acrescenta.
O menino, que tinha oito
anos de idade, relatou o ocorrido aos pais.
O caso foi denunciado
duas vezes pela irmã da vítima -ambas as identidades
são mantidas em sigilo.
O primeiro relato foi feito
em meados do ano passado a
uma comissão da Igreja Católica belga que investigou casos de abusos, mas o nome
do padre não foi citado no relatório final.
A prima, que qualifica o
caso como "estupro", só decidiu citar Houtart nominalmente em outubro, em meio
a uma campanha mundial de
simpatizantes pela candidatura ao Nobel.
A denúncia foi feita à ONG
anticapitalista belga Cetri, da
qual Houtart era membro.
A organização disse ontem
ter expulsado o padre logo
após o relato da prima e insistiu em que o caso só não veio
a público a pedido dela.
A candidatura de Houtart
ao Nobel da Paz, que era
apoiada pela Cetri, foi engavetada em novembro sob a
alegação oficial de que a idade avançada e os projetos
pessoais do clérigo marxista
eram incompatíveis com a
campanha.
Na carta divulgada ontem,
o sacerdote diz que a ideia de
se candidatar ao Nobel não
partiu dele, mas de dezenas
de simpatizantes.
Houtart afirma estar profundamente arrependido pelo ocorrido e conta que a hierarquia da igreja, ao ouvir a
sua confissão, o incentivou a
continuar o trabalho social.
Houtart garante no texto
ter obtido o perdão dos pais
do menino, hoje mortos.
O caso é o mais recente
golpe contra a Igreja Católica, atingida desde 2006 por
denúncias de abusos na Irlanda, Alemanha, Áustria,
Holanda e Estados Unidos.
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