São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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Padre anticapitalista admite ter cometido abuso sexual

Um dos fundadores do Fórum Social Mundial, teólogo belga François Houtart diz que molestou primo de oito anos de idade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O padre e sociólogo belga François Houtart, 85, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, admitiu por escrito ter abusado sexualmente de um primo menor nos anos 70.
Em carta divulgada ontem pelo jornal belga "Le Soir", Houtart corrobora algumas denúncias feitas pela irmã da vítima para impedi-lo de concorrer ao Nobel da Paz.
Houtart é um dos líderes do altermundialismo, movimento que pede uma alternativa ao capitalismo.
Na carta, o padre conta que os abusos ocorreram quando ele esteve hospedado na casa de tios, nos arredores da cidade de Liège.
"Ao atravessar o quarto de um dos filhos, toquei as suas partes íntimas por duas vezes, o que o acordou e o assustou", descreve Houtart.
"Foi evidentemente um ato inconsequente e irresponsável", acrescenta.
O menino, que tinha oito anos de idade, relatou o ocorrido aos pais.
O caso foi denunciado duas vezes pela irmã da vítima -ambas as identidades são mantidas em sigilo.
O primeiro relato foi feito em meados do ano passado a uma comissão da Igreja Católica belga que investigou casos de abusos, mas o nome do padre não foi citado no relatório final.
A prima, que qualifica o caso como "estupro", só decidiu citar Houtart nominalmente em outubro, em meio a uma campanha mundial de simpatizantes pela candidatura ao Nobel.
A denúncia foi feita à ONG anticapitalista belga Cetri, da qual Houtart era membro.
A organização disse ontem ter expulsado o padre logo após o relato da prima e insistiu em que o caso só não veio a público a pedido dela.
A candidatura de Houtart ao Nobel da Paz, que era apoiada pela Cetri, foi engavetada em novembro sob a alegação oficial de que a idade avançada e os projetos pessoais do clérigo marxista eram incompatíveis com a campanha.
Na carta divulgada ontem, o sacerdote diz que a ideia de se candidatar ao Nobel não partiu dele, mas de dezenas de simpatizantes.
Houtart afirma estar profundamente arrependido pelo ocorrido e conta que a hierarquia da igreja, ao ouvir a sua confissão, o incentivou a continuar o trabalho social.
Houtart garante no texto ter obtido o perdão dos pais do menino, hoje mortos.
O caso é o mais recente golpe contra a Igreja Católica, atingida desde 2006 por denúncias de abusos na Irlanda, Alemanha, Áustria, Holanda e Estados Unidos.


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