São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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Associação de Clérigos do Iraque indica que levará pedido de libertação do engenheiro João José Vasconcellos Jr. a 9.000 templos do país

Mesquitas devem apelar por brasileiro

MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DA JORDÂNIA

Cerca de 9.000 mesquitas do Iraque devem em breve fazer apelos para a população do país e para o grupo Esquadrões Al Mujahidin darem informações sobre o brasileiro João José Vasconcellos Jr. Ele foi seqüestrado pela organização terrorista entre a cidade de Beiji e Bagdá há 13 dias.
O porta-voz da influente Associação de Clérigos do Iraque, Muthana Hareth al Dhari, mostrou-se disposto a levar o caso de Vasconcellos aos líderes sunitas no Iraque. O apelo seria feito pelos imãs em sermões nas mesquitas.
A informação é do líder da comunidade islâmica do Brasil, Ali Abduni, que se encontrou com Al Dhari, filho do líder da associação, em Beirute. "Na mensagem, queremos usar a simpatia e o respeito que o povo e o governo do Brasil têm no Oriente Médio", disse Abduni, ao chegar a Amã.
O líder religioso brasileiro afirmou que o porta-voz Al Dhari não sabia do desaparecimento e que não tem informações sobre o estado de saúde de Vasconcellos.
A missão do governo brasileiro também não tem informações sobre a situação do brasileiro.
Abdnuni disse também que pediu apoio à liderança islâmica sunita do Líbano e que pretende entrar em contato com clérigos muçulmanos da Jordânia. Afirmou ainda que deseja definir o teor exato da mensagem a ser passada nas mesquitas com a missão diplomática do Itamaraty em Amã. Ele trouxe uma carta de recomendação do governo ao líder da missão brasileira, o enviado especial Affonso Celso de Ouro-Preto.
A missão do governo brasileiro, que coordena as iniciativas a partir da capital da Jordânia, também já conta com apoio do serviço de inteligência da Jordânia, respeitado por conhecer a realidade de grupos terroristas no Iraque.
Os diplomatas reuniram-se ontem com autoridades no complexo de prédios do serviço de inteligência em Amã.
O tipo de apoio não foi divulgado, já que a missão é considerada sigilosa, e Ouro-Preto não está fazendo declarações. O enviado especial programou visitas a Damasco. Segundo Abduni, Ouro-Preto viajou ontem para a capital da Síria, já que o ditador do país, Bashar al Assad, também manifestou disposição de ajudar.
A missão diplomática é formada por Ouro-Preto, pelo embaixador do Brasil na Jordânia, Antonio Carlos Coelho da Rocha, e por Paulo Joppert, representante do núcleo do Iraque da embaixada. Os diplomatas esperam um pedido de resgate, pois Brasília não teria como fazer concessões políticas, como ocorreu em seqüestros de estrangeiros no Iraque.

Esperança
O fim da votação no Iraque ontem aumentou as expectativas da família do engenheiro João José Vasconcellos Júnior, 49, de que seus seqüestradores façam o primeiro contato.
"Acreditamos que eles [os seqüestradores] só não nos procuraram até agora por conta das eleições. Com as coisas se normalizando, temos fé de que eles farão contato. Estamos rezando para isso e para que o povo iraquiano também tenha paz", disse a irmã do engenheiro Isabel Cristina Vasconcellos, 47.
"Esses apoios que estamos recebendo, principalmente de grupos muçulmanos, mostram que esse tipo de ação [terrorista] não é o pensamento deles [seqüestradores]", afirmou o irmão Luiz Henrique Vasconcellos, 45.


Colaborou Adriana Chaves, enviada especial a Juiz de Fora


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