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Associação de Clérigos do Iraque indica que levará pedido de libertação do engenheiro João José Vasconcellos Jr. a 9.000 templos do país
Mesquitas devem apelar por brasileiro
MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DA JORDÂNIA
Cerca de 9.000 mesquitas do
Iraque devem em breve fazer apelos para a população do país e para o grupo Esquadrões Al Mujahidin darem informações sobre o
brasileiro João José Vasconcellos
Jr. Ele foi seqüestrado pela organização terrorista entre a cidade de
Beiji e Bagdá há 13 dias.
O porta-voz da influente Associação de Clérigos do Iraque, Muthana Hareth al Dhari, mostrou-se disposto a levar o caso de Vasconcellos aos líderes sunitas no
Iraque. O apelo seria feito pelos
imãs em sermões nas mesquitas.
A informação é do líder da comunidade islâmica do Brasil, Ali
Abduni, que se encontrou com Al
Dhari, filho do líder da associação, em Beirute. "Na mensagem,
queremos usar a simpatia e o respeito que o povo e o governo do
Brasil têm no Oriente Médio",
disse Abduni, ao chegar a Amã.
O líder religioso brasileiro afirmou que o porta-voz Al Dhari
não sabia do desaparecimento e
que não tem informações sobre o
estado de saúde de Vasconcellos.
A missão do governo brasileiro
também não tem informações sobre a situação do brasileiro.
Abdnuni disse também que pediu apoio à liderança islâmica sunita do Líbano e que pretende entrar em contato com clérigos muçulmanos da Jordânia. Afirmou
ainda que deseja definir o teor
exato da mensagem a ser passada
nas mesquitas com a missão diplomática do Itamaraty em Amã.
Ele trouxe uma carta de recomendação do governo ao líder da missão brasileira, o enviado especial
Affonso Celso de Ouro-Preto.
A missão do governo brasileiro,
que coordena as iniciativas a partir da capital da Jordânia, também
já conta com apoio do serviço de
inteligência da Jordânia, respeitado por conhecer a realidade de
grupos terroristas no Iraque.
Os diplomatas reuniram-se ontem com autoridades no complexo de prédios do serviço de inteligência em Amã.
O tipo de apoio não foi divulgado, já que a missão é considerada
sigilosa, e Ouro-Preto não está fazendo declarações. O enviado especial programou visitas a Damasco. Segundo Abduni, Ouro-Preto viajou ontem para a capital
da Síria, já que o ditador do país,
Bashar al Assad, também manifestou disposição de ajudar.
A missão diplomática é formada por Ouro-Preto, pelo embaixador do Brasil na Jordânia, Antonio Carlos Coelho da Rocha, e por
Paulo Joppert, representante do
núcleo do Iraque da embaixada.
Os diplomatas esperam um pedido de resgate, pois Brasília não teria como fazer concessões políticas, como ocorreu em seqüestros
de estrangeiros no Iraque.
Esperança
O fim da votação no Iraque ontem aumentou as expectativas da
família do engenheiro João José
Vasconcellos Júnior, 49, de que
seus seqüestradores façam o primeiro contato.
"Acreditamos que eles [os seqüestradores] só não nos procuraram até agora por conta das
eleições. Com as coisas se normalizando, temos fé de que eles farão
contato. Estamos rezando para isso e para que o povo iraquiano
também tenha paz", disse a irmã
do engenheiro Isabel Cristina
Vasconcellos, 47.
"Esses apoios que estamos recebendo, principalmente de grupos
muçulmanos, mostram que esse
tipo de ação [terrorista] não é o
pensamento deles [seqüestradores]", afirmou o irmão Luiz Henrique Vasconcellos, 45.
Colaborou Adriana Chaves, enviada especial a Juiz de Fora
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