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HOLOCAUSTO
Documentos foram pedidos por um grupo de trabalho do governo americano; agência desrespeita lei de 1998
CIA esconde papéis sobre recrutamento de ex-nazistas
DOUGLAS JEHL
DO ""NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A CIA está se negando a entregar a um grupo de trabalho do governo dos EUA documentos relacionados a criminosos de guerra
nazistas. A informação foi divulgada por deputados republicanos
e democratas no Congresso.
Em obediência a uma lei de
1998, a CIA já forneceu mais de 1,2
milhão de páginas de documentos, a maioria vinda dos arquivos
de seu predecessor da época da
Segunda Guerra Mundial, o Escritório de Serviços Estratégicos
(OSS, sigla em inglês). Muitos documentos foram tornados públicos. Alguns deles, divulgados no
ano passado, indicam que houve
uma relação mais estreita do que
se imaginava até agora entre o governo americano e criminosos de
guerra nazistas e que essa relação
incluiu o recrutamento, pela CIA,
de suspeitos criminosos de guerra
ou colaboradores nazistas.
Há quase três anos, a CIA vem
aplicando uma interpretação restrita da lei de 1998, rejeitando os
pedidos para registros adicionais.
O grupo de trabalho diz que, em
alguns casos, a CIA concordou
em fornecer informações sobre
ex-nazistas, mas não sobre a extensão dos vínculos que a agência
teve com eles. Em outros casos,
ela se negou a fornecer informações sobre indivíduos e sua conduta durante a guerra, a não ser
nos casos em que o grupo de trabalho pudesse primeiro fornecer
provas de que os suspeitos foram
cúmplices de crimes de guerra.
O comportamento da agência
cria um impasse. Há a relutância
da CIA em trazer a público detalhes sobre qualquer operação da
inteligência e, por outro lado, a
decisão, expressa em lei, de que
seja erguido o véu que recobre as
relações entre o governo americano e criminosos de guerra.
Essa disputa não tinha, até agora, sido trazida a público. Críticos
da CIA, entre eles três pessoas que
integram o grupo de trabalho,
disseram que estão trazendo a
disputa a público na esperança de
resolver o impasse até março,
quando termina o prazo para o
grupo de trabalho encerrar sua
pesquisa.
""Penso que a CIA desobedeceu
a lei, e, ao fazê-lo, menosprezou a
importância do Holocausto, desprezou os sobreviventes do Holocausto e também os americanos
que sacrificaram suas vidas para
derrotar os nazistas na Segunda
Guerra Mundial", disse Elizabeth
Holtzman, ex-congressista de Nova York e integrante do grupo.
""Nós já fizemos todo o possível,
já oferecemos à CIA todas as
oportunidade possíveis de cumprir o que manda a lei."
Atendendo a pedido do senador
republicano Mike DeWine, a Comissão de Justiça do Senado planeja realizar uma audiência pública sobre o assunto no início do
próximo mês. A comissão deverá
convocar como testemunhas funcionários da CIA e integrantes do
grupo de trabalho.
Um porta-voz da CIA disse que
a agência já trouxe a público 1,25
milhão de páginas de documentos, atendendo ao previsto na lei,
incluindo documentos relacionados a 775 nomes diferentes. ""A
CIA não reteve nenhum material
que seja relacionado a crimes de
guerra cometidos por autoridades, agentes ou colaboradores da
Alemanha nazista", disse ele.
O porta-voz reconheceu que a
CIA vem se negando a trazer a público outros materiais ""não relacionados aos crimes de guerra
propriamente ditos" e que a agência está redigindo um relatório ao
Congresso para justificar seus
atos, segundo as instâncias de
isenção previstas na lei.
O Grupo de Trabalho Interagências sobre Registros dos Crimes de Guerra Nazistas e do Governo Imperial Japonês disse que
não comentaria a disputa.
Tradução de Clara Allain
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