IURI DANTAS
DE WASHINGTON

O corpo do brasileiro Felipe Carvalho Barbosa chegou ontem a uma base militar em Delaware, nos EUA, e deve ser enterrado no sábado na Carolina do Norte, onde moravam sua mãe, o padrasto e seu irmão mais novo. Receberá honras militares e policiais.
Nos últimos dias no Iraque, Barbosa reclamava da violência constante, insistia na necessidade de ajudar as tropas da coalizão, de evangelizar o povo iraquiano e demonstrava preocupação com o futuro de seu irmão adolescente.
Em entrevista à Folha, o padrasto de Barbosa, Omiro Rocha, 45, disse que a mãe do rapaz, Iracy, e sua esposa, Christie, ainda não haviam assimilado o acidente do fuzileiro, que, na sexta-feira passada, morreu quando o caminhão onde estava capotou em Fallujah.
"Ele falava sempre com a mãe, era muito atencioso, telefonava duas vezes por semana pelo menos. Era um filho muito bom", relatou Rocha. Em entrevista à Rede Globo, dona Iracy disse: "Eu não estou revoltada com Deus, eu não estou revoltada com a guerra; não sou a favor da guerra, mas não estou revoltada porque eu acho que está tudo nas mãos de Deus, só ele sabe o porquê".
Barbosa sairia do Iraque em março. Seria deslocado para o Kuait e de lá voltaria para os EUA, em abril. Ele pretendia viajar com a esposa para o Brasil. Em dezembro, deixaria definitivamente o Corpo de Fuzileiros dos EUA e ingressaria na polícia de High Point. Segundo o padrasto, a família teria reuniões no final da tarde de ontem com as Forças Armadas dos EUA para discutir uma reparação financeira.

Saddam
Os advogados do ex-ditador Saddam Hussein afirmaram ontem que vão boicotar o julgamento do ex-líder iraquiano, em protesto contra o "tendencioso" novo juiz que preside as sessões.
No domingo, primeira sessão presidida pelo juiz Raouf Abdel Rhaman, ele ordenou ao advogado jordaniano Saleh Armouti, da equipe que defende Saddam, que deixasse a corte. Todos os outros advogados do ex-ditador deixaram a sala em protesto.

Seqüestro
A rede de TV do Qatar Al Jazira divulgou ontem um vídeo em que aparece a jornalista americana Jill Carroll, seqüestrada no Iraque no último dia 7 de janeiro. Embora a fita não tivesse som, a Al Jazira afirmou que Carroll, que surge vestindo um véu e chorando, pede a libertação de prisioneiras iraquianas sob custódia dos EUA.
Em Ramadi, dois insurgentes morreram em confronto com tropas dos EUA. Além disso, uma mulher foi morta vítima de fogo cruzado. Em Bagdá, uma bomba que explodiu em uma estrada matou um policial iraquiano.
Na Província de Maysan, um soldado britânico foi morto.