São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 2006

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EUA

Bush tenta hoje vender quadro otimista ao país

DE WASHINGTON

Depois de enfrentar o ano de maior crítica e mais dura oposição política, o presidente George W. Bush fará hoje pela quinta vez o tradicional discurso sobre o Estado da União no Congresso americano, na tentativa de recuperar fôlego político, vender otimismo sobre a economia, defender programas controversos de combate ao terrorismo e prometer de novo uma vida melhor para a população idosa e mais pobre.
Não será fácil, como indicam os preparativos: ontem a Casa Branca finalizava o 23º rascunho do discurso, uma tradição nos EUA prevista na Constituição e iniciada por George Washington em 1790.
Bush deve aproveitar cada segundo da oportunidade. Primeiro, para convencer o país de que está no caminho certo, enquanto 58% da população discorda, segundo pesquisa CNN/"USA Today"/Gallup da semana passada. Segundo, para defender a guerra ao terrorismo e medidas polêmicas, como o monitoramento de comunicações telefônicas e eletrônicas de moradores dos EUA. Terceiro, para avançar na estagnada agenda de reforma da Previdência, do sistema de saúde e apresentar alternativas à alta do petróleo e dos preços de energia.
Até sexta-feira, havia ao menos um bom pilar para sustentar o discurso: a economia dava sinais de que ia bem, num processo consistente de recuperação. Mas a divulgação de um crescimento de 3,5% do PIB, o menor dos últimos três anos, diminuiu a vantagem. "O presidente ainda tem muito a dizer sobre a economia. Os números do emprego estão bem, e o crescimento, de forma geral, ainda é forte. Espero que ele foque o discurso no Iraque, na guerra ao terrorismo e na economia, e em seguida discuta iniciativas sobre financiamento e cobertura de saúde, energia e educação", disse David Gray, da New American Foundation.
Para Steven Balla, professor de ciência política da Universidade George Washington, Bush deve citar a Coréia do Norte e o Irã como ameaças para justificar as controvérsias no combate ao terrorismo. "Ele deve conectar esse perigo às responsabilidades de proteger o povo americano usando meios que incluem a vigilância doméstica. E vai citar histórias de sucesso num mundo pós-11 de Setembro", assinalou.
"Ele definirá a guerra global ao terror de forma ampla, para atender seus propósitos. A Guerra do Iraque, por exemplo, não vai bem. Então Bush recebeu um presente com esses relatórios da NSA (Agência de Segurança Nacional). Ele descreveu os repórteres que vazaram a história como não-patriotas", apontou Jim Pinkerton, também da New American Foundation. (ID)


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