São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Desistências polarizam disputas nos EUA

Democrata John Edwards deixa corrida presidencial após seqüência de derrotas; embate republicano perde Rudolph Giuliani

Hillary e Obama disputam apoio do ex-rival, que não definiu quem endossará; ex-prefeito de Nova York chancela o favorito McCain

LM Otero/Associated Press
Giuliani (esq.) cumprimenta McCain após anunciar desistência da corrida republicana; ex-prefeito de Nova York apoiou senador

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WEST PALM BEACH (FLÓRIDA)

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A SIMI VALLEY (CALIFÓRNIA)

A seis dias da Superterça (5 de fevereiro, quando haverá prévias em mais de 20 Estados), o funil se estreitou e o quadro começa a se definir na eleição americana, com o anúncio surpresa da desistência do democrata John Edwards e a confirmação da saída do republicano Rudolph Giuliani.
Edwards, 54, que não obteve vitória em nenhuma das seis prévias democratas até agora, fez seu discurso de despedida em Nova Orleans, cidade onde começou a campanha. "Nosso Partido Democrata fará história. Estaremos fortes, estaremos unidos e, com um pouco de determinação, vamos tomar a Casa Branca de volta."
A jornalistas o ex-senador pela Carolina do Sul confirmou ter conversado com os rivais Hillary Clinton, 60, e Barack Obama, 46, por telefone, mas afirmou que "ainda" não havia decidido quem apoiaria. "Vou passar algum tempo com eles e decidir." Analistas dizem que ele tende para o lado de Obama.
Já Giuliani, 63, estava bem-humorado ao anunciar sua desistência, pouco antes do debate entre os republicanos, num saguão da Biblioteca Ronald Reagan, em Simi Valley, a duas horas de Los Angeles. Após dizer que apoiaria John McCain e listar as qualidades de um presidente ideal, brincou: "Obviamente, pensei que esse nome seria o meu".
"McCain é o mais qualificado para ser comandante-em-chefe dos EUA. Ele é um herói nacional, e a Casa Branca precisa de heróis", disse, para depois cutucar o principal rival do senador, Mitt Romney: "Se eu apoiasse outro, diriam que eu mudo muito de opinião". A incoerência é a maior crítica de oponentes a Romney.
A desistência de Giuliani estava prevista desde anteontem, quando o resultado das primárias na Flórida confirmou o fracasso da estratégia de campanha do ex-prefeito de Nova York, que ignorou os primeiros Estados do calendário das primárias para se dedicar aos de maior peso eleitoral.
Mas ele chegou em terceiro no Estado anteontem, com apenas 15% dos votos, atrás de Mitt Romney (31%) e John McCain (36%). Hillary venceu a primária democrata local -com 50% dos votos, contra 33% de Obama e 14% de Edwards-, mas a eleição não foi levada em conta pela direção nacional do partido, em punição à antecipação da prévia sem autorização. As lideranças estaduais recorrem da decisão.

Conservadores
Para os republicanos, a saída de Giuliani significa um quadro mais claro na disputa interna, com McCain como favorito e Romney, 60, como seu principal rival. Além de McCain, Giuliani e o ex-governador Mike Huckabee, 52, que continua na corrida, já foram favoritos.
O principal desafio de McCain nas próximas prévias é trazer para seu lado os eleitores conservadores, que são a base do Partido Republicano e que têm escolhido outros candidatos. Na Flórida, Romney o superou entre o eleitorado que se diz "muito conservador" por uma diferença de 44% a 22%.
Sobre o resultado, McCain declarou que é "muito positivo", pela primeira vez, ter vencido em uma primária na qual apenas republicanos puderam votar, já que em New Hampshire e na Carolina do Sul foi impulsionado por eleitores independentes -mais moderados.

Delegados
As baixas na corrida reorganizam a distribuição de delegados que votarão nas convenções partidárias que definirão os candidatos para a eleição de 4 de novembro.
Edwards tinha 26 delegados. Pelas regras do Partido Democrata, diz a agência Associated Press, dez são automaticamente redirecionados a Obama e Hillary segundo seus resultados nas prévias em que Edwards ganhou delegados. Obama levará seis; Hillary, quatro. Os outros continuam ligados a Edwards e, se ele decidir apoiar alguém, tradicionalmente os delegados o seguem. Já entre os republicanos, os delegados esperam que o desistente apóie alguém e transfira os votos ou os libere para escolher.


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