São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Opositor aceita compor governo no Zimbábue

Morgan Tsvangirai deve assumir o cargo de primeiro-ministro, mas acordo ainda é alvo de ceticismo

DA REDAÇÃO

Após quase um ano de impasse, o Zimbábue finalmente pode conseguir formar um governo de unidade com o atual presidente, Robert Mugabe, e seu principal opositor, Morgan Tsvangirai, do Movimento pela Mudança Democrática (MDC). O país africano vive crise econômica, política e humanitária.
Tsvangirai concordou ontem em dividir o poder com Mugabe -que controla o Zimbábue com mão-de-ferro desde a independência do Reino Unido, em 1980, desafiando pressões do Ocidente- e deve assumir como primeiro-ministro no dia 11. O acordo ainda é visto com ceticismo no exterior.
Tsvangirai havia conquistado a maioria dos votos nas eleições de março de 2008, mas desistiu no segundo turno, alegando perseguição do governo. Os dois lados aceitaram montar um governo de unidade em setembro, mas nunca se entenderam quanto à divisão de ministérios. Em dezembro, ambos passaram a refutar a coalizão.
O fato de agora terem entrado em aparente entendimento, no entanto, não resolve as desavenças mútuas, nem deixa claro como funcionará o governo conjunto. "Estamos comprometidos com a unidade nacional e esperamos ser tratados como iguais [por Mugabe]. Mas não estamos dizendo que isso seja a solução para a crise no Zimbábue, apenas que escolhemos continuar a luta por um país democrático em uma nova arena", declarou ontem Tsvangirai, sob pressão de líderes regionais para aceitar a coalizão. Ele concordou em dividir o controle do Ministério do Interior, responsável pela polícia, pelos próximos seis meses.
O Zimbábue tem hoje a maior taxa de inflação do mundo- 231.000.000% ao ano- e uma moeda sem valor real. Anteontem, o governo autorizou que negócios sejam realizados oficialmente em dólares americanos ou moedas de países vizinhos, o que já era feito no mercado negro.
A ONU estima que 80% dos 11 milhões de zimbabuanos passem fome. Uma epidemia de cólera que assola o país desde agosto passado já deixou 3.100 mortos.


Com agências internacionais


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