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Prisões podem inflamar relações inter-raciais
KIM SENGUPTA
DO "INDEPENDENT"
A revelação de que os oito homens presos ontem em operação
antiterrorismo em Londres e arredores eram todos cidadãos britânicos, alguns nascidos no Reino
Unido e outros residentes no país
há muitos anos, é uma notícia que
preocupa profundamente os órgãos de segurança.
Ela ilustra o fato de que os potenciais terroristas podem não estar vindo de fora, mas ser pessoas
nascidas e criadas no país.
Os serviços de segurança temem que jovens britânicos de origem asiática estejam sendo a tal
ponto radicalizados pela forma
mais virulentamente intransigente de islamismo que estariam sendo preparados para mutilar e matar seus concidadãos.
Existem paralelos entre essa nova variedade de suspeitos terroristas criados nacionalmente e os
chamados "lilywhites" (o nome
significa branco como um lírio,
no sentido de puro ou inocente)
utilizados pelo grupo terrorista
norte-irlandês IRA Provisório.
Este empregava pessoas de ascendência irlandesa, residentes na Inglaterra e sem laços conhecidos
com grupos republicanos, para
realizar atentados.
Tudo indica que os grupos extremistas islâmicos estejam utilizando a mesma tática com britânicos de origem asiática que fazem parte da comunidade asiática
do Reino Unido e não são conhecidos por ter vínculos com os suspeitos de sempre.
Para fontes antiterroristas, é um
engano acreditar que o que sobrou da hierarquia da Al Qaeda
-Osama bin Laden, Abu Masab
Al Zarqawi e um punhado de outros- mantém um centro de comando e controle, dirigindo operações a partir de seu esconderijo
nas montanhas do oeste do Paquistão.
Os ataques desferidos em Istambul (novembro de 2003, 61
mortos), na Arábia Saudita (maio
de 2003, 35 mortos) e em Bali (outubro de 2002, 202 mortos) mostram que a Al Qaeda lança um pedido de ataque e que este, então, é
realizado pelas células de simpatizantes locais.
Efeitos incendiários
A etnia das pessoas que realizam os ataques depende, até certo
ponto, da composição étnica da
população muçulmana residente
no país.
A Espanha, alvo de atentado no
último dia 11, possui grande número de habitantes de origem
norte-africana. O Reino Unido
tem uma grande população de
origem paquistanesa.
De acordo com fontes do setor
de segurança, cerca de 4.000 britânicos passaram por treinamentos
nos campos da Al Qaeda no Afeganistão e no Paquistão antes da
Guerra do Afeganistão, no final
de 2001.
A grande maioria dessas pessoas voltou à sua vida normal,
sem nenhum envolvimento adicional em atividades relacionadas
ao terrorismo. Mas alguns poucos
dos que fizeram o treinamento
continuaram comprometidos
com idéias extremistas e vêm
atuando como recrutadores para
a causa, além de elos de ligação
com grupos de orientação semelhante no exterior.
Fazer frente a esse fenômeno é
uma tarefa de efeitos potencialmente incendiários para as relações inter-raciais no Reino Unido.
Conversações
O comissário-assistente da Scotland Yard Peter Clarke, responsável pelas ações contra o terrorismo, disse que altos funcionários
da polícia estão mantendo conversações em nível local e nacional para tratar de questões surgidas na esteira das prisões.
Clarke afirmou que a maioria
dos muçulmanos no Reino Unido
respeita a lei e "rejeita completamente todas as formas de violência", mas disse que é preciso investigar as suspeitas. Mas dirigentes islâmicos do país, que acusam
a mídia e a polícia de "demonizar" os muçulmanos, manifestaram preocupação.
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