São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

Presidente permite que a assessora de Segurança Nacional fale sob juramento à comissão que apura ataques

Bush recua, e Rice vai depor sobre o 11/9

DA REDAÇÃO

O presidente americano, George W. Bush, recuou e anunciou ontem que permitirá que Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional, deponha publicamente e sob juramento à comissão que investiga os ataques do 11 de Setembro. "Autorizei esse nível de cooperação porque a considero necessária para um quadro completo dos meses e anos que precederam o assassinato de nossos compatriotas", disse Bush.
Ao fazer o anúncio, Bush ressalvou que "é importante que o presidente e seus assessores possam conversar privativamente, sem precisar revelar o conteúdo discutido". Bush disse que sua decisão foi tomada em razão do compromisso assumido pela comissão de que não irá requisitar mais depoimentos públicos de funcionários do governo e que o comparecimento de Rice não será visto como um precedente.
A Casa Branca entende que a convocação de assessores presidenciais que não precisam ter sua contratação aprovada pelo Congresso para depor publicamente fere "o importante princípio da separação entre o Executivo e o Legislativo".
Bush também anunciou que, juntamente com o vice-presidente Dick Cheney, vai depor para todos os membros da comissão. Bush e Cheney antes se declaravam dispostos a falar reservadamente com apenas dois membros da comissão. Eles não precisarão prestar juramento e suas declarações não serão públicas.
Slade Gordon, ex-senador republicano que é um dos dez membros da comissão independente, disse que a proposta do governo foi aceita porque não havia planos de novas convocações para depoimentos. "Acho que a Casa Branca teria feito muito melhor se tivesse chegado a um acordo bem antes, mas estou contente. Sempre achei que o depoimento público [de Rice] seria bom para o país", disse. Em fevereiro, Rice teve um encontro de quatro horas com a comissão, mas não precisou fazer juramento.
O governo Bush foi colocado na defensiva após a publicação do livro "Contra Todos os Inimigos", de Richard Clarke, ex-assessor do governo para contraterrorismo. No livro e em entrevistas, Clarke fez críticas a Bush, classificando sua atuação no combate ao terrorismo como "deplorável".

Pesquisa
Pesquisa Gallup divulgada ontem indica que as afirmações de Clarke causaram prejuízos à imagem de Bush como líder da guerra ao terror -considerada por seus estrategistas como fundamental para sua reeleição em novembro-, porém não tanto quanto os abalos sofridos por John Kerry em razão da recente ofensiva publicitária republicana.
Nos Estados em que foram exibidos os anúncios, a avaliação desfavorável do virtual candidato democrata subiu 16 pontos percentuais. Em todo o país, 57% responderam afirmativamente à pergunta "você acha que Kerry mudou ou não mudou suas posições por razões políticas?".
A aprovação à maneira como Bush lida com o terrorismo atingiu o nível mais baixo desde setembro de 2001 -embora ainda esteja em 58%. Na disputa eleitoral, Bush e Kerry estão tecnicamente empatados. Se a eleição fosse hoje, Bush teria 51% dos votos, contra 47% para Kerry. A margem de erro é de três pontos percentuais. A pesquisa ouviu 1.001 americanos adultos por telefone entre os dias 26 e 28.


Com agências internacionais


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