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Para SIP, Chávez nega acesso à informação
Entidade vê relação entre governo e imprensa na Venezuela como a mais problemática no continente
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O relatório final da reunião
semestral da SIP (Sociedade
Interamericana de Imprensa),
encerrada ontem em Caracas,
criticou duramente o tratamento dado pelo presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, aos
meios de comunicação críticos
ao seu governo. O documento
também ressaltou a onda de assassinatos de jornalistas, no
México, e as ações movidas por
seguidores da Igreja Universal
contra a Folha como ameaças à
liberdade de expressão.
"O governo Chávez nega reiteradamente aos meios não subordinados à sua hegemonia o
direito de acesso à livre informação pública e impede aos
jornalistas independentes o
trabalho com as fontes e cenários controlados por organismos de Estado", diz o relatório.
A SIP, que reúne empresários e editores dos meios de comunicação das Américas, acusou ainda o governo Chávez de usar as verbas da publicidade
oficial com fins políticos e voltou a criticar sua decisão de
não renovar a concessão da
emissora oposicionista RCTV,
em maio passado.
Em entrevista à TV oposicionista Globovisión, o presidente
da Comissão de Liberdade de
Expressão da SIP, Gonzalo
Marroquín, disse que a Venezuela é o país das Américas
com as relações mais complicadas entre governo e imprensa.
Já o Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo
Midiático, organizado pelo governo Chávez para rivalizar
com a SIP, realizou anteontem
manifestação com algumas dezenas de pessoas diante do hotel onde estava sendo realizada
a reunião da SIP. Pedaços de
cérebro, aparentemente de gado, foram jogados na calçada.
Chávez, que havia sido convidado pela SIP, não participou
de nenhum dos eventos. Ontem, no programa de TV "Alô,
Presidente", disse que "aqui há
plena liberdade de expressão, e
me parece que uma das grandes batalhas de hoje é precisamente a batalha midiática".
A realização da reunião da
SIP na Venezuela sofreu críticas internas de alguns dos seus
membros, segundo participantes ouvidos pela Folha. Alguns
teriam deixado de comparecer
temendo que o evento se transformasse em "provocação" a
Chávez que poderia gerar mais
perseguição aos meios críticos
ao governo. Outros não participaram por temor de incidentes
violentos -nenhum havia sido
registrado até ontem à tarde.
Outros países
Com relação ao Brasil, o relatório final apontou as dezenas
de ações judiciais de seguidores
da Igreja Universal contra a Folha e a repórter Elvira Lobato
por causa da reportagem "Universal chega aos 30 anos com
império empresarial", de dezembro, como o mais grave ataque à liberdade de expressão no
Brasil dos últimos seis meses.
Além da Venezuela, um dos
países que mais preocupam a
SIP é o México. Segundo o relatório, três jornalistas foram
mortos e outros dois desapareceram nos últimos seis meses.
Para a entidade, a violência
"provocou a existência de uma
perigosa autocensura nos
meios de comunicação".
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