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Farc libertam o seu refém mais antigo
Sequestrado aos 19 anos em dezembro de 1997, Pablo Moncayo é solto unilateralmente em missão que usou helicóptero brasileiro
Com soltura, guerrilha busca apoio para troca de presos com governo colombiano; operação tem cobertura exclusiva de TV chavista
William Martinez/Associated Press
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Ao lado do pai, o sargento Pablo Moncayo acena ao público ao chegar a Florencia
DA REDAÇÃO
Após 12 anos e três meses em
poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o sargento Pablo Emilio
Moncayo, 32, 1 dos 2 reféns
mais antigos da guerrilha esquerdista, foi libertado ontem,
em operação com a participação do Exército brasileiro.
Capturado aos 19 anos durante ataque a uma base militar, Moncayo foi recolhido em
um ponto de selva ao sul do
país, por uma missão humanitária integrada pela senadora
oposicionista Piedad Córdoba e
representantes da Cruz Vermelha e da Igreja Católica.
"Não sabem o quão assombroso é voltar a ver civilização",
afirmou Moncayo na chegada.
Magro, mas aparentando boa
saúde, foi recebido pelo pai,
Gustavo, que ficou famoso por
promover caminhadas dentro e
fora da Colômbia pela liberação
do filho. "Tudo mudou, a tecnologia me deixa admirado, o
pouco que vi até agora."
O sargento agradeceu aos
presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Luiz Inácio Lula da Silva
(Brasil) por sua liberação e pediu mediação internacional para a soltura de outros reféns.
Com as liberações unilaterais
de Moncayo e de Josué Daniel
Calvo, 23, solto no domingo, a
narcoguerrilha colombiana
procura apoio na opinião pública para sua proposta de troca
negociada com o governo dos
cerca de 500 guerrilheiros presos hoje pelos 21 reféns militares que ainda mantém em cativeiro -estão sequestrados ainda outros 58 civis, não envolvidos na negociação.
A última leva de entregas
unilaterais de presos, também
realizada com o apoio logístico
brasileiro, havia sido em fevereiro do ano passado -seis reféns foram liberados na ocasião. Ontem, contudo, as Farc
afirmaram que daqui em diante
a troca é a "única forma viável"
para libertar outros reféns.
Em nota, a guerrilha agradeceu "ao povo brasileiro e a seu
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, sem cuja ação esse processo humanitário seria impossível". O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, também
agradeceu a Lula. Disse que o
país recebe Moncayo de "braços abertos", mas "rechaça com
firmeza os sequestradores".
Um helicóptero brasileiro
com 11 pessoas -entre eles seis
militares brasileiros- deixou a
cidade de Florencia (580 km ao
sul de Bogotá) por volta das
13h15 (horário de Brasília) rumo a um local não revelado. Por
volta das 19h40, retornou com
Moncayo.
TV de Chávez
Imagens do militar pouco
antes do resgate e durante o encontro com a missão humanitária na selva foram divulgadas
pela rede estatal de TV Telesur,
controlada pela Venezuela, o
que causou reação imediata do
governo colombiano.
O alto comissário para a Paz
colombiano, Frank Pearl, exigiu explicações do canal sobre o
que fazia no local do resgate.
"Não se pode permitir que um
meio de comunicação como a
Telesur se preste para fazer
propaganda a um grupo terrorista", disse. Chávez mostrava
simpatia às Farc até, em junho
de 2008, dizer que a região já
não comporta guerrilhas.
A liberação dos reféns é uma
tentativa das Farc de lançar o
tema do "acordo humanitário"
-troca de reféns por rebeldes
presos- no debate eleitoral
presidencial, avalia o cientista
político Gerson Arias, da Fundação Ideias para a Paz.
O país elege novo presidente
em maio, e o veto judicial a uma
nova reeleição de Uribe -cuja
política linha-dura contra as
guerrilhas é responsável por
grande parte de sua aprovação
de 80%- deixou o cenário
competitivo.
Com agências internacionais
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