São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2010

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Moscou vive dia de luto e medo após atentado

Homenagens às vítimas das explosões no metrô mobilizam milhares na capital russa; catedral sofre ameaça de bomba

Líder rebelde do norte do Cáucaso morto por militares no começo do mês recrutou e treinou mulheres suicidas, de acordo com jornal russo


DA REDAÇÃO

Em luto depois dos ataques a duas estações de metrô, Moscou viveu um dia de medo ontem em meio a críticas à atuação da polícia no episódio.
Todo o sistema de metrô da capital russa, o segundo mais movimentado do mundo, atrás apenas do de Tóquio, amanheceu cheio de policiais e de cães farejadores. Entre os usuários, semblantes sérios. "Estava no metrô hoje quando o despertador do relógio de alguém disparou e eu pensei "pronto'", disse a estudante Katia Vankova.
No centro de Moscou, autoridades retiraram 45 moradores de um edifício residencial após o encontro de um objeto estranho dentro de um veículo estacionado nas proximidades. Por volta das 17h (10h em Brasília), cerca de cem pessoas tiveram de deixar a catedral de Cristo Salvador, maior construção religiosa da capital, devido a uma ameaça de bomba feita em um telefonema anônimo à polícia.
Nas duas ocasiões, nenhum artefato foi encontrado.
O atentado de anteontem foi cometido por mulheres-bomba no horário de pico do metrô. A primeira foi detonada às 8h, na estação Lubianka, e a segunda às 8h45, na Parque Kulturi. Durante todo o dia de ontem, milhares de pessoas passaram por ambas as estações para depositar flores e velas em altares improvisados. Houve orações.
Uma jovem morreu ontem em decorrência dos ferimentos sofridos em uma das explosões, elevando a 39 o total de mortos. Há 71 feridos internados, sendo cinco em estado grave, segundo o chefe do departamento de saúde local, Andrei Seltsovski.
O que contribuiu para o clima de ontem foi a denúncia de que a polícia sabia do risco de uma ação terrorista no metrô de Moscou. Segundo o jornal "Kommersant", da abertura do sistema, às 6h, à primeira explosão, às 8h, a polícia deteve no metrô várias mulheres que aparentavam ser do norte do Cáucaso. Essa região reúne Províncias de maioria muçulmana e vive violência separatista há mais de uma década.
O Serviço Federal de Segurança (FSB, herdeiro da KGB soviética) atribui aos militantes do Cáucaso a autoria do duplo ataque em Moscou -o pior em seis anos-, embora nenhum grupo o tenha reivindicado.
Para a investigação russa, as suicidas eram "viúvas negras", mulheres ligadas aos rebeldes mortos pelas forças russas na região. A suspeita é que o gatilho para o ataque tenha sido a morte do líder rebelde Said Buriatski no começo do mês, numa operação militar na República da Inguchétia. Agentes de segurança disseram, também ao "Kommersant", que esse líder recrutou e treinou, no Cáucaso, 30 mulheres-bomba, das quais nove já tinham se sacrificado antes da ação no metrô.
O premiê Vladimir Putin disse ser "uma questão de honra para as forças de segurança arrastá-los [os terroristas] dos esgotos à luz do dia". Em 1999, o russo lançou uma guerra contra os separatistas tchetchenos que o ajudou a conquistar a Presidência. Em 2012, Putin deve voltar a concorrer.

Com agências internacionais



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