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IRAQUE OCUPADO
Principal comandante dos marines diz que informações sobre uso de armas químicas estavam erradas
CIA errou sobre armas, diz general dos EUA
DA REDAÇÃO
Um general americano jogou
mais lenha na fogueira em que se
transformou o debate sobre as armas não-convencionais do Iraque
ao afirmar, ontem, que os serviços
de inteligência dos EUA estavam
"simplesmente errados" em levar
os comandantes militares a acreditar que seus soldados poderiam
ser atacados por armas químicas
ou biológicas durante a guerra. As
armas, justificativa para a invasão
anglo-americana, ainda não foram encontradas.
"Estávamos simplesmente errados [na conclusão de que havia
armas químicas prontas para serem usadas no sul do Iraque]",
declarou o tenente-general James
Conway, comandante da 1ª Força
Expedicionária dos Fuzileiros Navais no Iraque. "Estivemos virtualmente em todos os depósitos
de munições da fronteira com o
Kuait até Bagdá, mas [as armas]
simplesmente não estavam lá.
Não foi por não tentarmos."
Conway contemporizou dizendo que ainda é cedo para dizer se
o Iraque tinha ou não armas de
destruição em massa quando a
guerra começou, em 20 de março.
"Se estávamos errados ou não em
nível nacional, ainda falta muito
para sabermos", afirmou o oficial
-o mais graduado comandante
dos marines na guerra- que
concedeu entrevista coletiva em
Hilla, 100 km ao sul de Bagdá, por
meio de conferência telefônica.
No Reino Unido, o ex-analista
da CIA (serviço secreto dos EUA)
e conselheiro do ex-presidente
George Bush (1989-93) Ray
McGovern tachou as alegações do
Pentágono sobre as armas do Iraque de "um fiasco de inteligência
de proporções monumentais".
McGovern, que trabalhou por
27 anos para a CIA, declarou à rádio BBC que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, montou sua
própria unidade de inteligência
porque não estaria conseguindo
as "repostas certas" e que os relatórios teriam sido "feitos de acordo com a política" de guerra.
Relatórios políticos
A pedido de Rumsfeld, segundo
alegações do jornal americano
"The New York Times" atribuídas
a membros do governo, o diretor
da CIA, George Tenet, teria criado
em outubro de 2002 uma equipe
para investigar os relatórios da
agência sobre o Iraque.
Na última terça-feira, o mesmo
Rumsfeld -o mais eloquente defensor da invasão do Iraque- admitiu, em uma palestra, que o Iraque poderia ter destruído suas supostas armas químicas e biológicas antes do confronto.
Ontem, o secretário voltou atrás
e disse que as armas não foram
encontradas porque o regime de
Saddam as escondeu bem, "e não
porque elas não estão lá".
Na quarta-feira, foi divulgada
uma entrevista para a "Vanity
Fair" de julho com Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa, na
qual ele afirma que a questão das
armas foi usada como bandeira
da administração Bush para a
guerra por "razões burocráticas".
Segundo ele, um "enorme" motivo para a guerra era a possibilidade de Washington retirar suas
tropas da Arábia Saudita, cuja
presença enfurecia os fundamentalistas muçulmanos, incluindo
terroristas.
Um membro do gabinete britânico declarou à edição de ontem
do "Independent" que a falha da
coalizão em achar as armas seria
"a maior falha da inteligência britânica em todos os tempos", o que
detonaria a reestruturação dos
serviços desse setor.
Para ele, que pediu para não ser
identificado, esses serviços seriam
os responsáveis pela posição inflexível do governo britânico em
relação à guerra. Um dia antes,
uma autoridade da inteligência
britânica dissera à BBC que o relatório havia sido moldado para ficar "mais sexy", o que o governo
britânico negou.
Com agências internacionais
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