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GUERRA SEM LIMITES
Tropas invadem prédio onde terroristas mantinham reféns; ataque começou sábado e matou 20 estrangeiros
Sauditas resgatam reféns; 29 morrem
DA REDAÇÃO
Comandos sauditas saltaram
ontem de helicópteros para invadir um condomínio na cidade
saudita de Khobar e libertar dezenas de reféns estrangeiros que estavam em mãos de terroristas supostamente ligados à rede Al Qaeda, de Osama bin Laden. De acordo com as autoridades, a série de
ataques terroristas, que teve início
no sábado, matou 22 civis (20 estrangeiros) e sete agentes de segurança, num saldo de 29 mortos.
Forças de segurança mergulharam no telhado do condomínio
Oásis depois de um drama que
durou 25 horas na importante cidade petrolífera de Khobar, no
leste da Arábia Saudita. Segundo
o governo, três dos quatro terroristas fugiram, usando reféns como escudos humanos, mas seu líder foi capturado.
Um comunicado distribuído
através da internet e atribuído à
Al Qaeda reclama a autoria da
ação envolvendo reféns, que não
tem precedentes na Arábia Saudita. Um comunicado posterior, assinado pela "rede Al Qaeda na península Arábica", promete livrar a
península dos "infiéis". "Reiteramos nossa determinação de rechaçar as forças dos cruzados e
sua arrogância, de libertar a terra
dos muçulmanos de nela aplicar a
"sharia" [lei islâmica] e de limpar a
península Arábica dos infiéis", diz
o comunicado, cuja autenticidade
não pôde ser comprovada.
Numa ação que pôs dramático
fim ao seqüestro, testemunhas
disseram que helicópteros lançaram comandos no telhado do
complexo residencial. O Ministério do Interior disse que 41 estrangeiros foram resgatados e que outros 201 moradores do condomínio, que estavam presos em suas
casas, puderam sair.
Membros das forças de segurança faziam sinais de vitória enquanto reféns e moradores abandonavam o condomínio. Muitos
foram levados a hospitais e hotéis,
informaram autoridades.
Esse foi o segundo grande ataque lançado contra a indústria do
petróleo saudita em menos de um
mês. Há temores de que a ação, no
maior exportador mundial de
óleo, venha a elevar ainda mais as
cotações do barril, embora o governo saudita tenha dito que a
produção não foi afetada e que a
segurança nas instalações da indústria foi reforçada.
O número oficial de mortos não
deixa claro quantas pessoas foram mortas durante o resgate e
quantas pereceram quando o ataque foi lançado contra vários prédios de Khobar, no sábado. Um
diplomata saudita afirmou que
nove corpos foram encontrados
no luxuoso Oásis. "Acredito que
as forças de segurança invadiram
o edifício quando [os terroristas]
começaram a matar reféns", disse
Jamal Khashoggi.
Estrangeiros mortos
A lista do ministério dá como
mortos um americano, um britânico, um italiano, um sul-africano, um sueco, oito indianos, dois
cingaleses, três filipinos, um garotinho egípcio e três sauditas. Mais
25 pessoas ficaram feridas.
A lista não inclui os sete agentes
de segurança sauditas que foram
mortos no sábado.
A crise começou anteontem,
quando pistoleiros vestidos como
militares atiraram contra firmas
de petróleo ocidentais e condomínios, antes de buscar refúgio no
Oásis. O corpo de um britânico foi
arrastado pelas ruas, afirmaram
testemunhas.
Autoridades sauditas disseram
que a produção de petróleo permanecia normal. Altos funcionários do governo tiveram um encontro com executivos de empresas ocidentais para tranqüilizá-los
em relação à segurança. Um dos
executivos disse não temer um
êxodo em massa de trabalhadores
ocidentais. No sábado, a embaixada dos EUA na Arábia Saudita
orientou os cidadãos norte-americanos a abandonar o país.
Nas últimas seis semanas, o
mercado de petróleo já entrou em
pânico duas vezes em conseqüência de ataques terroristas no
Oriente Médio. No final de abril,
os preços dispararam depois que
terroristas suicidas detonaram
botes carregados com explosivos
perto do principal terminal petrolífero do Iraque, no golfo de Basra.
No começo de maio, as cotações
voltaram a subir depois que cinco
funcionários de uma companhia
de petróleo suíça foram mortos
por terroristas na cidade petrolífera saudita de Yanbu.
A Al Qaeda, de Osama bin Laden (saudita que teve a cidadania
cassada), tenta desestabilizar o regime saudita e depor a família
real, a quem acusa de subserviência ao Ocidente. Em 1996, o então
pouco conhecido grupo extremista escolheu Khobar para lançar
um de seus primeiros grandes
ataques, explodindo um prédio e
matando 19 soldados dos EUA.
O príncipe saudita Abdullah, o
governante do país, prometeu anteontem "caçar esse grupo de desviados até erradicá-lo".
Com agências internacionais
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