São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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ONU cria tribunal para julgar morte de premiê libanês

Decisão é vitória do governo Siniora, pró-Ocidente, e derrota da oposição pró-Síria; Hariri foi assassinado num atentado em 2005

DA REDAÇÃO

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem a criação de um tribunal internacional para julgar os suspeitos pelo assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, ocorrido em fevereiro de 2005. Hariri e outras 22 pessoas foram mortas em um atentado a bomba em Beirute, capital do Líbano.
Aprovada com dez votos favoráveis e cinco abstenções, a resolução instituindo o tribunal atende a um pedido do atual premiê libanês, Fuad Siniora, dado que ele não conseguiu aprovar no Parlamento de seu país a instauração da corte, devido a obstáculos impostos pela oposição pró-Síria.
A criação do tribunal foi festejada pelo filho de Hariri. Líder da maioria no Parlamento libanês, Saad Hariri disse que a resolução da ONU é uma "vitória para o Líbano oprimido".
Até o assassinato de Hariri, o Exército sírio ocupava parte do Líbano havia 29 anos. Com sua morte, na qual a Síria é acusada de estar envolvida, cresceu a pressão para que os militares deixassem o Líbano -o que ocorreu já em 2005.
A polêmica em torno da criação do tribunal reflete, portanto, a divisão no governo e entre a população do Líbano, formados por uma parte pró-ocidental, sob a liderança de Siniora como foi sob a de Hariri, e uma porção pró-Síria, que tem representação parlamentar e faz oposição ao governo, além de ter ligada a si o presidente do Líbano, Emile Lahoud.
Embora Damasco negue que tenha envolvimento no atentado de 2005, o governo sírio já afirmou que não entregará nenhum cidadão de seu país ao tribunal internacional.
Fuad Siniora foi outro que celebrou a decisão do CS, afirmando que a criação do tribunal não é "contra a irmã Síria". Nas ruas das áreas sunitas de Beirute, libaneses também comemoravam, acendendo velas e disparando fogos de artifício.
Entre os membros do Conselho de Segurança que se abstiveram estão Rússia e China, que alegaram que a decisão do conselho estava interferindo na soberania libanesa. Mesmo assim não houve veto.
Em declaração oficial, Damasco também afirmou que a criação do tribunal viola a soberania libanesa e ainda que pode tornar o país mais instável.
O CS deu ao Líbano até o dia 10 de junho para que ratifique a resolução da criação do tribunal; se não o fizer, ele será instituído independentemente.
Detalhes como o local onde será criado o tribunal ainda estão por ser decididos.
A ONU já investiga a morte de Hariri e não recomendou o indiciamento de ninguém, mas concluiu que o assassinato "provavelmente" teve motivos políticos e participação síria.


Com agências internacionais


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