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ONU cria tribunal para julgar morte de premiê libanês
Decisão é vitória do governo Siniora, pró-Ocidente, e derrota da oposição pró-Síria; Hariri foi assassinado num atentado em 2005
DA REDAÇÃO
O Conselho de Segurança da
ONU aprovou ontem a criação
de um tribunal internacional
para julgar os suspeitos pelo assassinato do primeiro-ministro
libanês Rafik Hariri, ocorrido
em fevereiro de 2005. Hariri e
outras 22 pessoas foram mortas em um atentado a bomba
em Beirute, capital do Líbano.
Aprovada com dez votos favoráveis e cinco abstenções, a
resolução instituindo o tribunal atende a um pedido do atual
premiê libanês, Fuad Siniora,
dado que ele não conseguiu
aprovar no Parlamento de seu
país a instauração da corte, devido a obstáculos impostos pela
oposição pró-Síria.
A criação do tribunal foi festejada pelo filho de Hariri. Líder da maioria no Parlamento
libanês, Saad Hariri disse que a
resolução da ONU é uma "vitória para o Líbano oprimido".
Até o assassinato de Hariri, o
Exército sírio ocupava parte do
Líbano havia 29 anos. Com sua
morte, na qual a Síria é acusada
de estar envolvida, cresceu a
pressão para que os militares
deixassem o Líbano -o que
ocorreu já em 2005.
A polêmica em torno da criação do tribunal reflete, portanto, a divisão no governo e entre
a população do Líbano, formados por uma parte pró-ocidental, sob a liderança de Siniora
como foi sob a de Hariri, e uma
porção pró-Síria, que tem representação parlamentar e faz
oposição ao governo, além de
ter ligada a si o presidente do
Líbano, Emile Lahoud.
Embora Damasco negue que
tenha envolvimento no atentado de 2005, o governo sírio já
afirmou que não entregará nenhum cidadão de seu país ao
tribunal internacional.
Fuad Siniora foi outro que
celebrou a decisão do CS, afirmando que a criação do tribunal não é "contra a irmã Síria".
Nas ruas das áreas sunitas de
Beirute, libaneses também comemoravam, acendendo velas
e disparando fogos de artifício.
Entre os membros do Conselho de Segurança que se abstiveram estão Rússia e China,
que alegaram que a decisão do
conselho estava interferindo
na soberania libanesa. Mesmo
assim não houve veto.
Em declaração oficial, Damasco também afirmou que a
criação do tribunal viola a soberania libanesa e ainda que pode
tornar o país mais instável.
O CS deu ao Líbano até o dia
10 de junho para que ratifique a
resolução da criação do tribunal; se não o fizer, ele será instituído independentemente.
Detalhes como o local onde
será criado o tribunal ainda estão por ser decididos.
A ONU já investiga a morte
de Hariri e não recomendou o
indiciamento de ninguém, mas
concluiu que o assassinato
"provavelmente" teve motivos
políticos e participação síria.
Com agências internacionais
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