São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Excluída de celebração do Dia D, Elizabeth 2ª se irrita

Rainha não foi convidada para o 65º aniversário da chegada dos aliados na Normandia

Festejo, que terá presenças de Gordon Brown, Nicolas Sarkozy e Barack Obama, motiva divergências entre franceses e britânicos

JOHN F. BURNS
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

A rainha Elizabeth 2ª não achou graça. Na realidade, ela está decididamente contrariada, até mesmo indignada, por não ter sido convidada a unir-se aos presidentes dos EUA, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy, no próximo sábado, nas comemorações do 65º aniversário dos desembarques do Dia D na Normandia. Foi o que revelaram tablóides britânicos na semana passada. O Palácio de Buckingham fez questão de não desmentir os jornais. A rainha, de 83 anos, é a única chefe de Estado viva a ter servido de uniforme na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como Elizabeth Windsor, com número de serviço 230.873, ela se ofereceu como voluntária para ser subalterna no Serviço Territorial Auxiliar Feminino, passando por treinamento para ser motorista e mecânica. Acabou dirigindo caminhões militares em missões de apoio na Inglaterra. Enquanto cumpria seu serviço militar, ela conheceu o comandante supremo das forças aliadas nos desembarques do Dia D, o general Dwight Eisenhower. Já rainha -foi coroada em 1953-, Elizabeth 2ª declarou, alguns anos mais tarde, que Eisenhower foi o presidente americano com quem se sentiu mais à vontade. Entretanto, em 6 de junho, quando Obama e Sarkozy vão assistir às comemorações do Dia D em locais historicamente associados ao assalto americano desse dia -a praia Utah, codinome militar para designar a cidade de Ste-Mère-Eglise, onde desembarcaram os primeiros paraquedistas americanos, e o cemitério de guerra americano em Colleville-sur-Mer-, o representante britânico de mais alto escalão será o primeiro-ministro Gordon Brown.

Versões conflitantes
O processo pelo qual a rainha foi excluída está imerso numa teia de equívocos diplomáticos ou erros de entendimento -a depender se o relato é originado em Londres ou em Paris. Os franceses disseram oficialmente que veem as comemorações no setor americano dos desembarques como "uma cerimônia sobretudo franco-americana" e que cabia aos britânicos decidirem quem representaria o Reino Unido -em outras palavras, que Brown é o culpado de não ter solicitado um convite para a rainha. No Reino Unido, alguns comentaristas sugerem que Sarkozy não deseja compartilhar o momento diante das câmeras de TV quando receber Obama. Isso é escorado no hipotético risco de a presença da rainha britânica converter a ocasião numa celebração da aliança anglo-americana, cujas tropas realizaram os desembarques, tendo perdido cerca de 37 mil homens na batalha da Normandia. As tropas francesas não participaram dos desembarques de 6 de junho. "Palácio enfurecido com humilhação à rainha no Dia D", vociferou o "Daily Mail". Um porta-voz de Buckingham se negou a comentar, salvo por uma declaração de que "até agora nenhum convite foi enviado a qualquer membro da família real". Sem identificar os autores, os tabloides citaram funcionários do palácio declarando que o governo de Brown cometeu um deslize, em função de supostas tensões entre o premiê e a rainha. Entre outras questões, consta que a rainha teria esfriado em relação a Brown em virtude do hábito do premiê de chegar tarde às audiências semanais que tem com ela. "Passamos por todos os canais normais e tivemos uma conversa depois de outra, mas não recebemos nenhum feedback", disse um assessor da rainha. "É muito frustrante."

Tradução de CLARA ALLAIN



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