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Excluída de celebração do Dia D, Elizabeth 2ª se irrita
Rainha não foi convidada para o 65º aniversário da chegada dos aliados na Normandia
Festejo, que terá presenças de Gordon Brown, Nicolas Sarkozy e Barack Obama,
motiva divergências entre franceses e britânicos
JOHN F. BURNS
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES
A rainha Elizabeth 2ª não
achou graça. Na realidade, ela
está decididamente contrariada, até mesmo indignada, por
não ter sido convidada a unir-se aos presidentes dos EUA,
Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy, no próximo sábado, nas comemorações do
65º aniversário dos desembarques do Dia D na Normandia.
Foi o que revelaram tablóides britânicos na semana passada. O Palácio de Buckingham
fez questão de não desmentir
os jornais.
A rainha, de 83 anos, é a única
chefe de Estado viva a ter servido de uniforme na Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
Como Elizabeth Windsor,
com número de serviço
230.873, ela se ofereceu como
voluntária para ser subalterna
no Serviço Territorial Auxiliar
Feminino, passando por treinamento para ser motorista e
mecânica. Acabou dirigindo caminhões militares em missões
de apoio na Inglaterra.
Enquanto cumpria seu serviço militar, ela conheceu o comandante supremo das forças
aliadas nos desembarques do
Dia D, o general Dwight Eisenhower. Já rainha -foi coroada
em 1953-, Elizabeth 2ª declarou, alguns anos mais tarde,
que Eisenhower foi o presidente americano com quem se sentiu mais à vontade.
Entretanto, em 6 de junho,
quando Obama e Sarkozy vão
assistir às comemorações do
Dia D em locais historicamente
associados ao assalto americano desse dia -a praia Utah, codinome militar para designar a
cidade de Ste-Mère-Eglise, onde desembarcaram os primeiros paraquedistas americanos,
e o cemitério de guerra americano em Colleville-sur-Mer-,
o representante britânico de
mais alto escalão será o primeiro-ministro Gordon Brown.
Versões conflitantes
O processo pelo qual a rainha
foi excluída está imerso numa
teia de equívocos diplomáticos
ou erros de entendimento -a
depender se o relato é originado em Londres ou em Paris.
Os franceses disseram oficialmente que veem as comemorações no setor americano
dos desembarques como "uma
cerimônia sobretudo franco-americana" e que cabia aos britânicos decidirem quem representaria o Reino Unido -em
outras palavras, que Brown é o
culpado de não ter solicitado
um convite para a rainha.
No Reino Unido, alguns comentaristas sugerem que Sarkozy não deseja compartilhar o
momento diante das câmeras
de TV quando receber Obama.
Isso é escorado no hipotético
risco de a presença da rainha
britânica converter a ocasião
numa celebração da aliança anglo-americana, cujas tropas
realizaram os desembarques,
tendo perdido cerca de 37 mil
homens na batalha da Normandia. As tropas francesas não
participaram dos desembarques de 6 de junho.
"Palácio enfurecido com humilhação à rainha no Dia D",
vociferou o "Daily Mail".
Um porta-voz de Buckingham se negou a comentar, salvo por uma declaração de que
"até agora nenhum convite foi
enviado a qualquer membro da
família real".
Sem identificar os autores, os
tabloides citaram funcionários
do palácio declarando que o governo de Brown cometeu um
deslize, em função de supostas
tensões entre o premiê e a rainha. Entre outras questões,
consta que a rainha teria esfriado em relação a Brown em virtude do hábito do premiê de
chegar tarde às audiências semanais que tem com ela.
"Passamos por todos os canais normais e tivemos uma
conversa depois de outra, mas
não recebemos nenhum feedback", disse um assessor da rainha. "É muito frustrante."
Tradução de CLARA ALLAIN
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