São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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Santos fica a 3,5 pontos da Presidência

No primeiro turno, candidato governista obtém mais que o dobro da votação do opositor Mockus na Colômbia

Resultado indica que candidato verde dividiu os votos a ele atribuídos nas pesquisas com outros dois adversários

Federico Rios/Efe
Colombiana vota no 1º turno da eleição presidencial, vencido pelo governista Juan Manuel Santos, que enfrentará Antanas Mockus em 20 de junho

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

O candidato governista à Presidência da Colômbia, Juan Manuel Santos, obteve ontem uma contundente vitória no primeiro turno das eleições do país: 46,6% dos votos válidos, mais que o dobro do segundo colocado Antanas Mockus (Partido Verde), com que disputará o segundo turno em 20 de junho.
O salto de Santos foi a surpresa da votação de ontem, já que as mais recentes pesquisas de opinião -divulgadas há oito dias- apontavam empate técnico entre os dois, ainda que os diretores dos levantamentos sinalizassem a tendência de alta do nome apoiado pelo popular presidente Álvaro Uribe.
Os resultados de ontem mostram que Mockus, o ex-prefeito de Bogotá que empolgou jovens e a classe média defendendo a ética no fenômeno da "onda verde", teve de dividir os votos não alinhados ao uribismo com Germán Vargas Lleras (Partido Cambio Radical) e Gustavo Petro (Polo Democrático).
De 32% na pesquisa menos favorável, o candidato verde obteve 21,5% ontem.
Já Vargas Lleras, um bom orador do uribismo crítico (defende a segurança e ataca os escândalos de corrupção do governo), passou da projeção de 6% para 10,1%.
O senador Petro, o mais ferrenho oponente do presidente, também subiu -de 6% para 9,1%-, com 99,7% da votação apurada.
Os dois se tornam agora os mais cobiçados apoios para o segundo turno -tanto Santos como Mockus elogiaram os oponentes ontem.

CHAVES DA VITÓRIA
Para a virada de Santos parecem ter contribuído tanto a azeitada máquina do uribista Partido de la U e do Estado como o ajuste de mensagem de sua campanha.
"Viva o melhor presidente da história da Colômbia", comemorou ontem Santos, em discurso à noite. "Comigo a Colômbia poderá dormir tranquila", seguiu, oferecendo um futuro de "certezas".
O ex-ministro da Defesa de Uribe reafirmou que só ele garantirá a continuidade da política governista que acossou as Farc e se ligou ainda mais à imagem de Uribe.
Santos também atingiu Mockus questionando seu estilo -definido pelo próprio filósofo e matemático como "pouco assertivo".
A debilidade do verde, cujo partido foi forjado a menos de seis meses, ficou clara na maratona de debates na última semana. "Mockus ganhou na internet, mas perdeu na TV", resumiu o jornalista e analista Armando Neira no site "La Silla Vacia".
Mockus repetiu ontem seu ritual, com chamado à legalidade e ao respeito à "vida sagrada" e repetição de palavras de ordem. "Santos demonstrou de várias maneiras que crê que o fim justifica os meios." Mas a maioria das TVs cortou a transmissão.

ABSTENÇÃO
Votaram 14,7 milhões dos mais de 29 milhões de colombianos aptos a fazê-lo -50,08% de abstenção.
A cifra frustrou a expectativa do órgão eleitoral, que esperava 16 milhões de votos, o que romperia a tradição de maior abstenção que comparecimento no país.
A maior porcentagem de votos -que seria engrossada pelo voto jovem urbano mobilizado pelas redes sociais- era a esperança da campanha verde para avançar. Mas até na capital Bogotá Mockus perdeu (40% contra 27%).


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