São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

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China resiste a endossar cerco a Pyongyang

Em reunião regional, premiê não condena o aliado por suposto ataque a navio de Seul

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A China evitou ontem, em uma cúpula trilateral com Japão e Coreia do Sul -em solo sul-coreano-, somar voz ao coro das condenações internacionais à Coreia do Norte pelo suposto ataque a um navio de Seul no fim de março.
Sob pressão dos vizinhos e sobretudo dos EUA, o premiê da China, Wen Jiabao, resumiu-se, em seus comentários sobre o caso, a dizer que "a tarefa urgente do momento é lidar apropriadamente com o impacto causado pelo caso".
"[É preciso] gradualmente reduzir as tensões sobre o incidente do [barco de guerra sul-coreano] Cheonan e conter eventual conflito", disse.
Pequim, principal aliado de Pyongyang, manteve ainda sua posição de não endossar as investigações internacionais -levadas a cabo por Seul, Washington e aliados- , que atribuíram o naufrágio a torpedo disparado por submarino da Coreia do Norte.

CAUTELA CHINESA
Pequim teme que a intensificação do cerco ao aliado mine o regime do ditador Kim Jong-il, causando crise de proporções imprevisíveis em sua fronteira com o país.
A relutância chinesa compromete ainda os esforços de Seul e Washington de levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU para aplicar nova rodada de sanções contra Pyongyang.
A expectativa é que a China exerça seu poder de veto no órgão ou então aceite aplicar punição mais abrandada.
A mais recente rodada de sanções da ONU contra a Coreia do Norte foi aplicada há cerca de um ano, logo após o país promover o segundo teste nuclear de sua história -e analistas avaliam que a ação debilitou significativamente a já fraca economia do país.

DETERIORAÇÃO
Desde o naufrágio do navio, que resultou na morte de 46 sul-coreanos -fazendo do caso o incidente militar mais fatal na península desde a Guerra da Coreia (1950-53)-, as rivais se envolveram em uma espiral de retaliações.
Há uma semana, a Coreia do Sul anunciou o congelamento das relações comerciais, retomada da transmissão de propaganda antirregime na fronteira e a promoção de exercícios naval-militares na região do incidente, na divisa marítima ocidental.
Em resposta, a Coreia do Norte, que nega responsabilidade no episódio, rompeu as relações com a vizinha, interrompeu o tráfego sobre o seu território e ameaça impedir o funcionamento do único parque industrial mantido em cooperação com o Sul.
Ontem, o presidente sul-coreano, o conservador Lee Myung-bak, afirmou que seu país "não tem medo da guerra, mas tampouco a deseja".
O premiê chinês, que expressou condolências aos familiares das vítimas do naufrágio, embarcou ainda ontem para Tóquio, onde terá novo encontro com seu colega japonês, Yukio Hatoyama.


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