São Paulo, Segunda-feira, 31 de Maio de 1999
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AÇÃO OUSADA
Reféns foram tirados de missa e colocados em caminhões, em ação atribuída ao grupo Exército de Libertação Nacional
Guerrilha colombiana sequestra 99 em igreja

das agências internacionais

Três pessoas morreram durante o sequestro de pelo menos 99 pessoas em uma igreja católica da cidade de Cali, no sudoeste da Colômbia. Até a noite de ontem, 74 haviam sido liberadas.
Segundo as autoridades, os responsáveis pela ação pertencem ao ELN (Exército de Libertação Nacional), segundo maior grupo guerrilheiro de esquerda no país, cujas forças são calculadas em 5.000 homens.
Os reféns foram abandonados pelos rebeldes e recolhidos por helicópteros do Exército. Alguns aproveitaram-se da pressão dos militares sobre o grupo para fugir.
Segundo o Exército colombiano, um guarda-costas foi morto quando o grupo invadiu a igreja. Outros dois rebeldes foram mortos durante a perseguição.
O grupo de cerca de 50 guerrilheiros chegou pela manhã à igreja, no bairro de classe alta de Cidade Jardim no sul da cidade, em caminhões.
Depois de imobilizar os guarda-costas de pessoas que estavam próximas ao templo, entraram na igreja e obrigaram os fiéis, inclusive o padre Eduardo Cadavid, a acompanhá-los a uma zona montanhosa próxima à cidade, na cordilheira dos Andes. A área é controlada pelo grupo.
O número de reféns pode ser ainda maior. Representantes da igreja afirmam que havia 150 pessoas no local. O prefeito de Cali, Ricardo Cobo, não soube informar o número exato de reféns.
Na fuga, os rebeldes abandonaram dois caminhões e roubaram vários veículos particulares.

Outras ações
Em 12 de abril, guerrilheiros do ELN desviaram de sua rota um avião da companhia aérea colombiana Avianca e o fizeram aterrissar em uma pista abandonada da costa norte do país. Até agora, foram liberados 16 reféns. Ainda são mantidas em cativeiro 25 pessoas.
O ELN e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) controlam 40% do território colombiano. O país vive uma guerra interna, em que se enfrentam guerrilheiros, forças do governo e paramilitares de direita.
Os grupos guerrilheiros e os paramilitares usam os sequestros como forma de financiar suas atividades e para pressionar o governo para obter vantagens nos processos de paz. A Colômbia é o país recordista em sequestros. A média anual é de mil casos.
No último dia 21, o grupo paramilitar AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) sequestrou a senadora negra Piedad Córdoba, exigindo participar das negociações de paz conduzidas pelo governo com as Farc.
Na semana passada, divergências em relação à condução do processo de paz geraram uma crise na cúpula militar colombiana. O ministro da Defesa, Rodrigo Lloreda, renunciou após expressar discordância em relação à desmilitarização de uma zona de 42 mil km 2 no sudeste do país.
O Exército colombiano retirou as suas forças do local, controlado pelos guerrilheiros. Há denúncias de que os rebeldes levem reféns para a área. O presidente Andrés Pastrana afirma ter controlado a crise e nomeou, no sábado, Luis Fernando Ramírez para o cargo.


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