São Paulo, Segunda-feira, 31 de Maio de 1999
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TRIÂNGULOS ROXOS
Alemã se recusava a fazer saudação hitlerista

da Redação

A alemã Magdalena Kusserow, testemunha-de-Jeová, foi enviada aos 17 anos à prisão juvenil de Vechta. Dez meses depois, transferiram-na para o campo de concentração de Ravensbrück, onde permaneceu três anos e meio, até o fim da Segunda Guerra, em 45.
"Eu me recusava a dizer "Heil Hitler" e a apoiar o regime. Ele (Hitler) queria ser o Messias, e nós não o reconhecíamos como o Messias", disse à Folha, em São Paulo. Seu pai, que foi preso três vezes, lhe ensinou que a saudação significava dizer: "A salvação provém de Hitler". E "a salvação só vem de Cristo", afirma.
Das 132 mil pessoas que passaram pelo campo de Ravensbrück, onde ela ficou, 117 mil morreram. Havia cerca de 300 testemunhas-de-Jeová no local.
Sua mãe, Hilda, e sua irmã Hildegard também foram enviadas a Ravensbrück. Dois irmãos dela foram mortos pelos nazistas. Wolfgang foi degolado na prisão de Brandenburg, e Wilhelm foi fuzilado em Münster.
Em Ravensbrück, Magdalena podia escrever apenas uma carta, com no máximo seis linhas, por mês. Ela lembra quando "irmãs de fé" -testemunhas-de-Jeová- do campo lhe informaram sobre a morte de Wolfgang.
A cientista política norte-americana Rochelle Saidel, que pesquisa a situação das mulheres sob o regime nazista, visitou o campo três vezes. Segundo ela, Ravensbrück havia sido desenvolvido para mulheres, supostamente para funcionar como um campo de trabalhos forçados -algumas eram escravas numa cidade próxima ao local.
Saidel afirma que elas eram mortas por tortura, fuzilamento, injeções letais e em experiências médicas. No final da guerra, o campo passou a ter sua própria câmara de gás. (PDF)


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