São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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PROBLEMA DE IMAGEM

Escritório ligado à Casa Branca pretende melhorar imagem do país; Europa e Oriente Médio são prioridades

Bush cria órgão contra antiamericanismo

DA REDAÇÃO

Buscando atenuar o antiamericanismo existente nos países islâmicos e em outras partes do planeta, os EUA anunciaram ontem a criação do Escritório de Comunicações Globais, que terá como tarefa tentar melhorar a imagem internacional do país, de acordo com a Casa Branca.
Autoridades americanas citaram o Oriente Médio e a Europa ao falar do tema. Para elas, trata-se de duas áreas-chave em que os EUA têm um "problema de imagem". Os árabes crêem que o governo americano seja pró-Israel, e os europeus estão descontentes com o unilateralismo que, segundo eles, tem marcado a política externa da administração de George W. Bush.
O novo escritório, que, essencialmente, coordenará a ação de várias agências do Departamento de Estado e de outros departamentos, buscará explicar "o que é a América e por que ela faz o que faz", de acordo com Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
Coincidentemente, também ontem, o Conselho sobre Relações Internacionais, um instituto com sede em Nova York, divulgou um relatório sobre o assunto, exortando Bush a "melhorar a imagem desgastada" dos EUA no restante do mundo antes que um sentimento negativo mine os interesses do país.
"Em todo o mundo, da Europa ao Extremo Oriente, muitas pessoas classificam os EUA de arrogantes, de hipócritas, de autocentrados e de excessivamente autoconfiantes, desprezando os outros. Devemos perceber que "problemas de imagem" e "política externa" não são coisas separadas: eles fazem parte de um todo", diz o relatório do Conselho sobre Relações Internacionais.
O texto afirma, no entanto, que Bush não deve alterar a política externa dos EUA apenas para tornar o país mais popular, salientando a importância da "comunicação com outros países".
O novo escritório é um tipo de extensão da operação de disseminação de informações lançada pela Casa Branca logo após o início da sua "guerra ao terrorismo". Ele é fruto do trabalho de Karen Hughes, uma antiga assessora de Bush -que deixou suas funções oficiais no início deste mês. Todavia, segundo autoridades americanas, ela continuará estreitamente ligada ao novo escritório.
Os EUA têm sido alvo de uma onda de antiamericanismo -sobretudo nos países islâmicos- por conta da campanha militar iniciada após os atentados suicidas de 11 de setembro último e da convicção popular de que Washington é favorável a Israel em detrimento dos palestinos.
"Reconhecendo o fato de que estamos envolvidos numa guerra global ao terrorismo, o presidente crê na necessidade de que a Casa Branca tenha um papel crucial nas comunicações internacionais", declarou Fleischer.
O novo escritório, que deverá começar suas atividades em "alguns meses", será diretamente ligado à Casa Branca e trabalhará ao lado do Departamento de Estado. "Trata-se de um sinal da importância que o presidente dá ao modo como os outros países vêem os EUA", afirmou Fleischer.
O Centro de Informação da Coalizão, um órgão com filiais em Londres (Reino Unido) e em Islamabad (Paquistão), foi criado em 26 de outubro último, pois Washington se inquietava com a possibilidade de que a resposta aos atentados suicidas pudesse ser malvista internacionalmente.
Ele também tinha como objetivo vencer a guerra de informações travada com o Taleban, que governava o Afeganistão à época.
Segundo Fleischer, o novo escritório não será um centro de "informação estratégica" como o anterior, que foi fechado pelo Pentágono em fevereiro último -depois que notícias divulgadas pela imprensa americana davam conta de que o escritório poderia estar disseminando informações falsas para auxiliar a política de defesa dos EUA.

Países árabes
À época, o centro foi responsável pela abertura da Radio Sawa, que transmite programas para países árabes. Ela atinge a Jordânia, o Kuait, os Emirados Árabes Unidos, o Iraque, o Egito, o Líbano e a Síria. Segundo autoridades americanas, a rádio é um sucesso.
"Atualmente, podemos dizer que a Europa e o Oriente Médio são prioritários, mas o escritório também levará em consideração o que acontece na Ásia, na África e na América Latina", afirmou um funcionário do governo, que não quis identificar-se.


Com agências internacionais


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