|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Nova York compra passagens para se livrar de sem teto
Prefeitura retira famílias inteiras de abrigos e as encaminha de volta para suas cidades de origem
28.jul.2009/The New York Times
|
|
Em aeroporto de Nova York, casal pega voo para Porto Rico
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A prefeitura de Nova York está dando passagens só de ida
para centenas de famílias de
moradores de abrigos para que
elas saiam da cidade e voltem a
seus locais de origem, seja nos
EUA, seja no exterior. A decisão
é uma forma de combater o aumento do número de pessoas
sem teto e de reduzir os gastos
com alojamentos.
Desde abril de 2007, o programa "Reconnect" já retirou
da cidade 564 famílias com
crianças. Segundo o departamento de Serviços para os Sem-Teto, nenhuma delas voltou a
morar em abrigos de Nova York
no período de um ano.
O prefeito da cidade, Michael
Bloomberg, rebate as críticas
de que o programa estaria apenas exportando o problema para outras regiões. "Não sei se
eles encontram empregos [em
suas cidades], mas a verdade é
nós que temos duas opções:
continuar com esse programa
ou pagar uma quantidade enorme de dinheiro para fornecer
abrigos a essas pessoas", disse à
imprensa local.
A prefeitura afirma que o
custo médio de "devolver" uma
pessoa para a sua cidade de origem é de US$ 218. Em compensação, o custo de manter uma
família ao longo de um ano em
um abrigo em Nova York chega
a US$ 36 mil.
"Com o projeto, o departamento oferece uma solução
inovadora e fiscalmente responsável para as famílias de
sem teto, que ajuda a reuni-las
com entes queridos e a viver vidas mais estáveis no país ou no
exterior", afirmou à Folha Robert Hess, do departamento
responsável pelo projeto.
A prefeitura já se dispôs a pagar bilhetes aéreos até para Paris, mas os cinco destinos mais
procurados são Porto Rico,
Flórida, Geórgia, Carolina do
Norte e Carolina do Sul.
A ideia é só oferecer a passagem de volta para as pessoas
que têm parentes ou amigos
dispostos a recebê-las.
Ajuda
Três dias após chegar a Nova
York, Eugenia Martin e sua filha de cinco meses foram mandadas de volta para a Carolina
do Norte depois de obter ajuda
de familiares. "Eles [a prefeitura] pagaram pelos bilhetes, nos
deram comida no ônibus porque não tínhamos dinheiro e
até nos ligaram para ver se realmente havíamos chegado. Estou agradecida", disse à CNN.
Dados da organização Coalizão para os Sem-Teto ("Coalition for the Homeless", em inglês) indicam que o número de
moradores de abrigos aumentou nos últimos cinco anos. Em
2002, o total era de 6.921 famílias. Em maio deste ano, chegou
a 9.538. Segundo a organização,
o total de pessoas sem ter onde
morar em Nova York alcançou
nesta década o maior patamar
desde a Grande Depressão.
Texto Anterior: Senador recua de veto a embaixador para o Brasil Próximo Texto: Direito indígena: ONU dá início à descriminação da folha de coca Índice
|