São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Nova York compra passagens para se livrar de sem teto

Prefeitura retira famílias inteiras de abrigos e as encaminha de volta para suas cidades de origem

28.jul.2009/The New York Times
Em aeroporto de Nova York, casal pega voo para Porto Rico

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A prefeitura de Nova York está dando passagens só de ida para centenas de famílias de moradores de abrigos para que elas saiam da cidade e voltem a seus locais de origem, seja nos EUA, seja no exterior. A decisão é uma forma de combater o aumento do número de pessoas sem teto e de reduzir os gastos com alojamentos.
Desde abril de 2007, o programa "Reconnect" já retirou da cidade 564 famílias com crianças. Segundo o departamento de Serviços para os Sem-Teto, nenhuma delas voltou a morar em abrigos de Nova York no período de um ano.
O prefeito da cidade, Michael Bloomberg, rebate as críticas de que o programa estaria apenas exportando o problema para outras regiões. "Não sei se eles encontram empregos [em suas cidades], mas a verdade é nós que temos duas opções: continuar com esse programa ou pagar uma quantidade enorme de dinheiro para fornecer abrigos a essas pessoas", disse à imprensa local.
A prefeitura afirma que o custo médio de "devolver" uma pessoa para a sua cidade de origem é de US$ 218. Em compensação, o custo de manter uma família ao longo de um ano em um abrigo em Nova York chega a US$ 36 mil.
"Com o projeto, o departamento oferece uma solução inovadora e fiscalmente responsável para as famílias de sem teto, que ajuda a reuni-las com entes queridos e a viver vidas mais estáveis no país ou no exterior", afirmou à Folha Robert Hess, do departamento responsável pelo projeto.
A prefeitura já se dispôs a pagar bilhetes aéreos até para Paris, mas os cinco destinos mais procurados são Porto Rico, Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e Carolina do Sul.
A ideia é só oferecer a passagem de volta para as pessoas que têm parentes ou amigos dispostos a recebê-las.

Ajuda
Três dias após chegar a Nova York, Eugenia Martin e sua filha de cinco meses foram mandadas de volta para a Carolina do Norte depois de obter ajuda de familiares. "Eles [a prefeitura] pagaram pelos bilhetes, nos deram comida no ônibus porque não tínhamos dinheiro e até nos ligaram para ver se realmente havíamos chegado. Estou agradecida", disse à CNN.
Dados da organização Coalizão para os Sem-Teto ("Coalition for the Homeless", em inglês) indicam que o número de moradores de abrigos aumentou nos últimos cinco anos. Em 2002, o total era de 6.921 famílias. Em maio deste ano, chegou a 9.538. Segundo a organização, o total de pessoas sem ter onde morar em Nova York alcançou nesta década o maior patamar desde a Grande Depressão.


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