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Farc propõem diálogo com líder eleito
Em vídeo a Juan Manuel Santos, que assume no dia 7, líder da guerrilha diz querer negociar saída para conflito
Aceno ocorre em meio a crise que tem grupo como pivô; eleito, que não respondeu, acossou as Farc quando ministro
29.jul.2010/France Presse/Presidência
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Uribe empacota seus pertences na sede do governo; presidente da Colômbia rejeitou acenos das Farc durante mandato
DE CARACAS
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O líder máximo das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Alfonso
Cano, sugeriu ao presidente
eleito colombiano, Juan Manuel Santos, o restabelecimento do diálogo na busca
de saída negociada para o
conflito armado no país.
Em mensagem de pouco
mais de meia hora divulgada
ontem em site ligado à narcoguerrilha, Cano diz estar,
"uma vez mais", propondo
que as Farc e o governo colombiano conversem.
"Seguimos empenhados
em buscar saídas políticas.
Desejamos que o governo
que assumirá reflita, que não
engane mais o país", diz o vídeo, datado deste mês.
O aceno ocorre a uma semana da posse de Santos e
em meio a mais uma crise regional tendo como pivô justamente as Farc. Segundo o
presidente Álvaro Uribe, até
1.500 membros da guerrilha
encontram abrigo na Venezuela do rival Hugo Chávez.
Mensagens similares, focadas porém na troca de sequestrados por guerrilheiros
presos, foram dirigidas a Uribe -e rejeitadas-, mas esta
é a primeira ao eleito. Até ontem, o futuro presidente, que
assumirá no dia 7, não comentara o vídeo.
LEGITIMIDADE
Santos, que foi ministro da
Defesa de Álvaro Uribe, foi
eleito prometendo continuar
as políticas da "segurança
democrática" linha-dura do
atual governo, que reduziram de 20 mil para 8.000 o
efetivo da guerrilha.
Mais que disposição ou
não do novo governo de conversar, para analistas o primeiro passo é "relegitimar" o
diálogo na Colômbia. "Creio
que Santos tem a ideia de
diálogo na cabeça, mas é
bastante cedo. Vai demorar
para modular o discurso. Vivemos oito anos de polarização", diz a analista Laura Gil.
"O que Chávez insiste em
não entender é que, como
ele, Uribe é fruto de um processo político. Votou-se na
direita na Colômbia pelo fracasso das negociações com a
guerrilha no governo Pastrana [1998-2002]", conclui.
Além da negociação no governo Pastrana, que alargou
a área de influência das Farc,
houve outra tentativa de diálogo no governo Belisario Betancourt (1982-86).
Na Colômbia, as Farc são
rejeitadas por mais de 90%
da população, especialmente pela prática do sequestro,
uso de minas terrestres e vínculo com o narcotráfico.
No discurso da vitória, em
junho, o futuro presidente
lançou condições para conversar com a guerrilha: abandono de "métodos terroristas" e libertação unilateral
dos reféns em seu poder.
"Por enquanto, o vídeo de
Cano são só palavras. Será
preciso um gesto para esperar uma reação do novo governo", diz Alejo Vargas, professor da Universidade Nacional e um dos facilitadores
no fracassado processo de
diálogo com o Exército de Libertação Nacional, a outra
guerrilha ativa no país, hoje
bastante reduzida.
Resta outra dúvida: o poder militar de Cano sobre as
frentes guerrilheiras, algumas bastante autônomas.
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