São Paulo, domingo, 31 de julho de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Jovens xenófobos usam a internet como ferramenta LUISA BELCHIOR DE MADRI Jovens, discretos, avessos ao islã. Nacionalistas, xenófobos e cibernéticos. No novo perfil de membros de grupos e movimentos de extrema direita na Europa, traçado pela Europol (polícia europeia) e por especialistas ouvidos pela reportagem, a internet tem protagonismo fundamental. É na plataforma virtual, mais que em manifestações, que esses grupos mantêm a maior parte de suas atividades, de acordo com o sociólogo norueguês Francis Björn. "Como Anders Breivik [autor dos atentados na Noruega], são pessoas que raramente causam distúrbios sociais. Mas, na rede, eles revelam sua face xenófoba." Para despistar a atenção da polícia, usuários das mais de 5.000 plataformas de xenofobia na internet catalogadas pela Europol usam técnicas como o cadastro em um servidor estrangeiro ou sua troca constante. Esses grupos se beneficiaram também, segundo Björn, da crise econômica de 2008. Com o desequilíbrio da economia na Europa e o disparo do desemprego, partidos de ideologia ultradireitista têm conseguido participações históricas em eleições. Na Hungria, por exemplo, o extremista e anticigano Jokke se tornou a terceira força política. Em 2010, o Partido Nacional Britânico, que proíbe negros em suas filas, conseguiu representação no Parlamento Europeu. Neste ano, na Espanha, a Plataforma Per Catalunya, nacionalista e anti-imigração, conseguiu quase 20% dos votos nas eleições internas de maio na Catalunha. VOTO DE PROTESTO "Esses partidos souberam tirar proveito do voto de protesto contra a crise", diz o cientista político Frans Jordí, estudioso de migrações e extrema direita na Europa. No caso da Espanha, os protestos dos "indignados" criaram uma onda de manifestações contra o governo. Com isso, beneficiaram a direita conservadora, que teve vitória sobre os socialistas. "Não sou xenófobo, mas há coisas com que não concordamos. Aqui, os estrangeiros podem tudo. É só chegar que o governo dá até hotel", diz o estudante norueguês Helge Slöven, 28. Texto Anterior: Europa foca islã e deixa de ver extremismo de direita Próximo Texto: Noruega: Terrorista queria atacar palácio Real Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |