São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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VIOLÊNCIA
Militares acusam guerrilheiros de esquerda por atentado contra unidade anti-sequestro em Medellín
Carro-bomba mata 9 na Colômbia

das agências internacionais

Pelo menos nove pessoas morreram e 30 ficaram feridas ontem após a explosão de um carro-bomba no centro da cidade colombiana de Medellín. A explosão atingiu a unidade de combate a sequestros da Quarta Brigada do Exército.
Um comandante militar acusou guerrilheiros marxistas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, maior guerrilha do país) de estarem por trás do ataque. A explosão seria uma retaliação à prisão, ontem, de sete guerrilheiros.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque, mas os sequestros são a principal fonte de renda para as guerrilhas esquerdistas que combatem tropas do governo e grupos paramilitares de direita na Colômbia.
Segundo o comandante da polícia metropolitana, general Luis Alfredo Rodríguez, a bomba destruiu pelo menos seis carros e explodiu em frente às instalações do comando anti-sequestro.
Seis casas vieram abaixo. As janelas de edifícios localizados em um raio de cem metros do posto policial foram quebradas.
Unidades da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e da Cruz Vermelha trabalhavam no resgate dos feridos. As autoridades estimavam que o número de mortos poderia aumentar com a evolução dos trabalhos de resgate.
Aparentemente, os autores do atentado utilizaram, para não despertar suspeitas, uma camionete semelhante às usadas pelo grupo de combate a sequestros, estacionando-a no pátio do destacamento.
O carro-bomba carregado com dinamite foi detonado perto do estádio de Medellín, horas antes do início de um concerto que inauguraria a Feira das Flores, realizada anualmente na cidade.
A explosão do carro-bomba também danificou estabelecimentos comerciais.
A polícia afirmou que os feridos foram levados para diversos hospitais da cidade, e pelo menos seis deles estavam em estado grave.
Mesmo depois da desarticulação do cartel de Medellín, em 1993, gangues do tráfico de drogas continuaram a operar na cidade de 2 milhões de habitantes, a terceira maior da Colômbia.
Explosões de bombas são uma ocorrência frequente em Medellín, mas raramente causam vítimas fatais. Em novembro, uma bomba explodiu no aeroporto da cidade, ferindo nove pessoas.

Negociações
A explosão ocorreu no mesmo dia em que um negociador do governo se reuniu no sul do país com representantes das Farc, na tentativa de retomar as negociações de paz.
O processo de paz, que seria reiniciado no último dia 19, está paralisado. O conflito entre guerrilhas de esquerda, Exército e paramilitares já deixou cerca 35 mil mortos em dez anos.


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