São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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ÁSIA

Para Tóquio, reunião histórica visa normalizar relações, no momento em que Pyongyang sofre pressão de Washington

Premiês japonês visitará a Coréia do Norte

HANS GREIMEL
DA ASSOCIATED PRESS, EM TÓQUIO

Procurando lançar uma ponte sobre uma das últimas divisões deixadas pela Guerra Fria, o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, anunciou ontem planos para uma inusitada reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong Il, em 17 de setembro.
Será a primeira visita de um dirigente japonês ao recluso país comunista e a primeira de um chefe de Estado importante desde que o presidente norte-americano, George W. Bush, acusou Pyongyang de integrar o ""eixo do mal".
A Coréia do Norte saudou a visita como ""ocasião importante", e a Coréia do Sul está otimista, achando que ela pode levar Washington e Pyongyang a chegarem mais perto de um diálogo. Mas analistas políticos desaconselham as expectativas muito grandes. O Japão governou a península coreana como colônia entre 1919 e 1945, e a animosidade entre os dois países ainda é intensa.
Koizumi reconheceu o problema, mas disse que a visita é crucial para normalizar as relações.
A viagem, cuja organização levou um ano, vai realçar as abordagens distintas de Tóquio e Washington em relação à Coréia do Norte. Enquanto o Japão vem buscando uma abertura gradativa dos canais diplomáticos, os EUA condicionam o diálogo ao desarmamento norte-coreano. Koizumi enfatizou que discutiu a visita com os presidentes Bush e Kim Dae-jung, da Coréia do Sul.
Analistas qualificaram o gesto de Koizumi de surpreendente e ousado. ""Acho que não será fácil avançar nos pontos difíceis", disse Masumi Ishikawa, professor emérito de política na Universidade Obirin, japonesa. ""Mas o simbolismo é muito importante."
O professor de política Takashi Inoguchi, da Universidade de Tóquio, acredita que a Coréia do Norte queria se aproximar do Japão porque estaria preocupada com a possibilidade de um ataque dos EUA. Anteontem, o subsecretário de Estado dos EUA, John Bolton, disse em Seul que a Coréia do Norte é ""um regime malévolo fortemente armado".


Tradução de Clara Allain


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