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5º aniversário do 11/9 marca boom editorial
DE WASHINGTON
De todos os meios escolhidos para "relembrar",
"homenagear", "esclarecer" os ataques de 11 de setembro de 2001 e suas
conseqüências, nenhum
produziu tanto material
de qualidade quanto o livro. Os filmes até hoje são
decepções - artísticas e de
bilheteria. Há uma ou outra peça interessante, assim como telefilmes, documentários e CDs.
É na literatura, porém,
que o evento histórico
vem ganhando seu melhor
registro. Mesmo autores
consagrados como John
Updike e o britânico Ian
McEwan se arriscaram em
boas ficções sobre o tema,
com respectivamente
"Terrorist" e "Sábado".
Mas é a partir do importante "102 Minutos", que
Jim Dwyer e Kevin Flynn
lançaram em 2004, que as
investigações jornalísticas
sobre os eventos que levaram àquela manhã e a ela
se seguiram alçaram novo
patamar de qualidade.
Na esteira das homenagens, centenas de títulos
chegaram às livrarias. Os
melhores são "The Looming Tower - Al-Qaeda
and The Road to 9/11", de
Lawrence Wright, em
quinto na lista dos mais
vendidos de não-ficção do
"The New York Times";
"Fiasco -The American
Military Adventure in
Iraq", de Thomas E. Ricks
(2º lugar); e "The One Percent Doctrine -Deep Inside America's Pursuit in its
Enemies since 9/11", de
Ron Suskind (13º).
O primeiro, cujo título
pode ser lido tanto como
"a torre refletida" quanto
como "a torre distorcida",
é obra de cinco anos de
pesquisas e entrevistas do
jornalista da "New Yorker" e vale a leitura por ser
um dos raros que faz uma
espécie de autocrítica coletiva, ao perguntar-se e
tentar responder por que
os EUA foram afinal os escolhidos como alvo. Termina com a queda das torres, que é onde começa
"Fiasco", no qual o veterano correspondente do
Pentágono do "The Washington Post" parte do encontro entre George W.
Bush, Donald Rumsfeld e
Paul Wolfowitz já nas horas seguintes à queda das
torres para detalhar o que
seria a invasão do Iraque.
Por fim, Suskind, ex-"Wall Street Journal", usa
o acesso quase irrestrito
que teve ao ex-diretor da
CIA George Tenet para
dar a dimensão da relação
entre Bush e seu vice, Dick
Cheney, e como ela marcou o que seria a chamada
"guerra ao terror", deflagrada naquela manhã. É
de Cheney, aliás, a tal
"doutrina do 1%", segundo
a qual qualquer ameaça
terrorista, mesmo que tenha 1% de chance de ocorrer, deve ser tratada como
real.
(SD)
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