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ONU ataca Israel por uso de bombas
Subsecretário diz que 90% dos ataques com artefatos de fragmentação foram às vésperas do cessar-fogo e chama ação de "imoral'
Foram encontradas 100 mil bombas sem detonar em quase 400 pontos no sul do Líbano; explosões deixaram
13 mortos e 46 feridos
DA REDAÇÃO
O subsecretário de Assuntos
Humanitários da ONU, Jan
Egeland, acusou ontem Israel
de lançar um alto número de
bombas de fragmentação nos
últimos dias da guerra contra o
grupo xiita Hizbollah no sul do
Líbano, quando já estava sendo
negociado um cessar-fogo no
Conselho de Segurança, e qualificou a ação de "chocante" e
"completamente imoral".
Desde o fim dos combates,
em 14 de agosto, ao menos 13
pessoas morreram, incluindo
três crianças, e outras 46 ficaram feridas pela explosão das
pequenas granadas contidas
nesses artefatos, disse Egeland
em entrevista coletiva na sede
da ONU, em Nova York.
As declarações foram atipicamente fortes para um funcionário da ONU. O porta-voz da
missão israelense na organização, Anat Friedman, disse que
não iria comentar. Durante o
conflito, Israel afirmou que visava apenas as bases terroristas
do Hizbollah e que procurava
poupar a população civil libanesa. Também acusou o grupo
xiita de atacar deliberadamente civis, ao lançar foguetes contra zonas urbanas israelenses.
Grupos de direitos humanos,
como o Human Rights Watch,
acusaram os dois lados de cometer crimes de guerra.
Segundo o subsecretário de
Assuntos Humanitários da
ONU, foram encontrados cerca
de 100 mil artefatos sem explodir em quase 400 pontos no sul
libanês. Os dados foram obtidos após um exame de 85% das
áreas bombardeadas.
"O que é chocante e, diria,
completamente imoral é que
90% dos bombardeios com
bombas de fragmentação ocorreram nas últimas 72 horas do
conflito", disse Egeland. "É
inexplicável porque Israel acelerou [o bombardeio] quando o
fim da guerra se aproximava e
sabíamos que haveria uma resolução."
As bombas de fragmentação,
cujo uso não é ilegal, são formadas por uma cápsula que se
abre e libera pequenas granadas após o lançamento. Podem
cobrir uma área equivalente a
um campo de futebol e destruir
veículos blindados, mas não
são armas de precisão.
"Ao afetar a população civil,
constituem uma violação do direito humanitário internacional", disse Egeland.
"Este é o pior caso de contaminação por bombas de fragmentação em um pós-conflito
que eu já vi", disse Chris Clarke, chefe do serviço de desativação de minas da ONU na região. "Praticamente todo o sul
do Líbano está "acarpetado"
com essas bombas."
Com agências internacionais
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