São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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OSCE culpa Geórgia por guerra, diz revista

Segundo a "Spiegel", Organização para a Segurança e Cooperação na Europa avalia que "erros de Tbilisi levaram à crise" no Cáucaso

Órgão também verifica se país cometeu crimes de guerra; governo georgiano diz que Moscou impede o retorno de 28 mil refugiados


DA REDAÇÃO

Informações obtidas por observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa aumentam a responsabilidade da Geórgia pela crise na Ossétia do Sul, no início deste mês, informa a revista alemã "Der Spiegel" na edição que circula amanhã.
Segundo a publicação, "comunicados transmitidos de forma informal" ao governo alemão indicam que, para os observadores, "os maciços erros de comportamento do governo da Geórgia levaram à erupção da crise" e que o país teria preparado intensamente a ação militar contra a região separatista.
A "Spiegel" afirma que as informações em posse da OSCE lidam com a possibilidade de que as tropas georgianas tenham cometido crimes de guerra, atacando civis enquanto dormiam.
A revista alemã lembra que Tbilisi lançou sua ofensiva contra a região no dia 7, antes que os tanques russos entrassem no túnel de Roki, que separa os dois países.

Refugiados
O governador de Gori, cidade da Geórgia ocupada pela Rússia durante o conflito, acusou Moscou de estar impedindo cerca de 28 mil refugiados de retornarem a suas casas, por meio de postos de controle e patrulhamento do mar Negro.
"Os russos possuem postos de controle, e nós não estamos conseguindo trazer essas pessoas de volta. A ameaça de forças paramilitares e roubos também é muito grande", afirmou Lado Vardzelashvili.
Moscou rebateu afirmando que está dentro de seus direitos, previstos no cessar-fogo, manter observadores em área fora das áreas rebeldes.
Ontem, a porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados na região, Melita Sunjic, disse que os russos estão dizendo aos refugiados que a segurança não poderá ser garantida se voltarem a suas casas.

Mais observadores
Em conversa telefônica com o premiê britânico, Gordon Brown, o presidente russo, Dmitri Medvedev, pediu ontem que os europeus sejam mais "objetivos" e que enviem mais observadores à região.
Medvedev também afirmou que espera "um diálogo construtivo com a UE e outras organizações internacionais".
Amanhã ocorre uma cúpula da UE para discutir a resposta do bloco às ações de Moscou.
O conflito eclodiu quando a Geórgia invadiu a Ossétia do Sul, que desde 1992 estava por acordos internacionais, na prática, sob a tutela russa.
Em resposta, os russos retomaram aquele território, ocuparam outra região rebelde, a Abkházia, e chegaram a enviar soldados a outros pontos. O acordo de cessar-fogo, negociado seis dias depois pela UE, permite que tropas russas ocupem na Geórgia apenas uma zona-tampão junto às divisas das duas regiões separatistas.


Com agências internacionais.


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