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Em Minas, emigrar custa até R$ 26 mil
DE SÃO PAULO
Entrar nos EUA pela
fronteira do México, ilegalmente, com a ajuda de
agenciadores, tem sido o
caminho de 74% dos emigrantes das cidades próximas a Governador Valadares (leste de Minas Gerais).
De lá saíram Juliard Fernandes, 20, e Hermínio
dos Santos, 24, vítimas da
chacina no México.
Os números, referentes
a 2010, são de um monitoramento sobre migração
regional mantido há oito
anos pela socióloga Sueli
Siqueira na Universidade
Vale do Rio Doce, de Governador Valadares.
Nessa cidade, o número
de pessoas que vão aos
EUA através do México é
menor, 41%. Em Sardoá,
de onde saiu Hermínio, o
índice chega a 81%.
Segundo a pesquisa, os
emigrantes pagam entre
US$ 9.000 (R$ 15 mil) e
US$ 15 mil (R$ 26 mil) pelo
serviço de migração ilegal.
O valor é parcelado em
até dois anos, e bens como
casas e carros dados como
garantia. Os atravessadores moram na região e têm
contatos fora do país.
Segundo Cristiano Campidelli, delegado da Polícia Federal em Governador Valadares, há casos de
extorsão, ameaça de morte
e homicídios dos atravessadores contra familiares
de devedores.
O boom da migração local ocorreu durante a crise
econômica dos anos 1980.
Anos depois, essas pessoas passaram a levar moradores de cidades vizinhas, muitas vezes para
trabalhar em negócios dos
próprios brasileiros.
Campidelli afirma que o
apoio da população à emigração dificulta ações.
Ele diz que operações
para coibir o agenciamento são constantes na região. Mas a ausência de lei
específica dificulta o trabalho.
(FILIPE MOTTA)
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