São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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DIÁRIO DE TRÍPOLI

Cidade tem uma hiperinflação de produtores

DOS ENVIADOS A TRÍPOLI

Coberturas de conflito são, na maioria das vezes, inviáveis sem a ajuda de "fixers" locais, mistura de tradutor, guia e produtor. Um bom fixer conhece cada pedaço da área de cobertura e sabe como chegar até interlocutores tão variados como militares, políticos e comerciantes.
O problema é que a queda de Trípoli transformou a capital num lugar tão perigoso que os moradores aptos à nobre missão de amparar a imprensa se trancaram em casa, deixando na mão dezenas de enviados especiais. O resultado foi uma hiperinflação dos preços cobrados por quem topava se arriscar, conjugada a uma queda drástica dos critérios de exigência para a contratação.
Gente com inglês meia-boca cobrava US$ 300 por dia -o dobro da tarifa normal, mas uma pechincha para as equipes de TV americanas que andam com malas de dólares.
Nosso primeiro motorista dirigia mal e não sabia andar na cidade. Mesmo assim, pagamos US$ 100 para cada duas horas de trabalho. Para nossa sorte, o fixer que andava conosco era bom, mas igualmente caro.
Nos deixou quando a mãe, preocupada com a execução sumária de um tradutor que trabalhava para repórteres italianos, pediu que voltasse para casa, no entanto.
Hoje temos o ótimo Abdul Nasser, 22, ao mesmo tempo fixer e motorista. Seu único problema é uma inexplicável aversão ao futebol brasileiro.
(SAMY ADGHIRNI E APU GOMES)


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