São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

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Inflação de países ricos vai a nível pré-crise

Com a alta das commodities, preços para consumidor nos EUA e na Europa atingem maior patamar em três anos

Ex-presidente do BC dos EUA diz que cresce desejo no país por um pouco de inflação, mas que ela não é solução

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

Os preços para os consumidores dos EUA e da Europa chegaram, no mês passado, ao maior patamar desde que a crise se tornou global, há três anos.
Alimentada pelo aumento dos alimentos e da energia, a inflação nos EUA ficou em 3,9% em setembro ante o mesmo mês de 2010, avanço não visto desde setembro de 2008, quando o Lehman Brothers quebrou e arrastou o mundo para a recessão.
A população dos países da zona do euro e a do Reino Unido também vêm enfrentando forte aumento dos preços, que acontece em um momento em que a região dá sinais de que vai mergulhar em novo ciclo recessivo.
A disparada dos preços se torna mais dura agora porque esses países, na melhor das hipóteses, estão tendo crescimento baixo -o que reduz ainda mais a capacidade de gasto dos consumidores.
Para os BCs, a dúvida normalmente é qual front atacar: a inflação (com alta dos juros) ou o avanço tímido, adotando o remédio oposto.
O cenário atual, porém, traz uma dificuldade adicional: os juros estão no menor patamar histórico ou muito próximos disso, reduzindo o arsenal dos bancos centrais.
"O Banco Central Europeu, por exemplo, tem que resolver os problemas do passado e do presente e olhar para o futuro ao mesmo tempo", disse Daniel Hanson, especialista do American Enterprise Institute, em Washington.
Hanson se refere especialmente à crise da dívida, em que o BCE tem de lidar com diferentes cenários.
Para a Grécia, por exemplo, o euro desvalorizado é melhor por elevar a competitividade das exportações; já a Alemanha defende uma moeda forte.
Segundo ele, os bancos centrais europeus devem "esperar" e "agradecer pelo que têm", já que não há mais muita margem de manobra.
A esperança é que os preços das commodities já começaram a ceder. Segundo o índice Thomson Reuters/ Jefferies CRB, que acompanha o setor, desde o pico em maio, eles recuaram 13%.
Nos EUA, Paul Volcker, presidente do Fed (BC americano) nos anos 70 e 80 que travou a alta de preços com juros altíssimos, escreveu que vem crescendo o desejo por "um pouco de inflação", para estimular o crescimento.
Para ele, os exemplos passados mostram que alimentar a inflação não é solução.


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