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FESTA AFRO-AMERICANA
Celebração criada nos EUA em 1966 ressalta valores africanos e já tem 28 milhões de participantes
"Feliz Kwanzaa", desejam afrodescendentes
DE NOVA YORK
Entre o final dos festejos natalinos e a expectativa do Réveillon, cerca de 28 milhões de africanos e afrodescendentes em todo o mundo dizem: "feliz Kwanzaa". A comemoração, que começou em 26 de dezembro e termina amanhã, exalta o legado da
cultura africana.
Criado na Califórnia pelo cientista político Maulana Karenga
em 1966, o Kwanzaa é considerado uma mistura do reflexo da luta pelos direitos dos negros, liderada por Martin Luther King nos
anos 60, e tradições africanas.
"Kwanzaa é baseado em rituais africanos de celebração da
colheita. Trata-se de reverência à
natureza, à identidade cultural
do povo africano. É uma celebração não-religiosa, mas que dá
à ênfase a valores espirituais como a fraternidade e a solidariedade", afirmou Chimbuko Tembo, vice-presidente da organização Us, que luta pelos direitos
dos negros.
Segundo Tembo, o objetivo de
Karenga era criar uma festa pan-africana que diminuísse o peso
da aculturação dos afrodescendentes, sobretudo nos EUA.
Cada dia do ritual celebra um
dos sete princípios comuns às
culturas africanas: "umoja"
(unidade), "kujichagulia" (autodeterminação), "ujima" (trabalho coletivo e responsabilidade),
"ujamaa" (cooperação econômica), "nia" (propósito),
"kuumba" (criatividade) e "imani" (fé).
As palavras são oriundas da
língua suali, comum a diversos
países da África como Uganda,
República Democrática do Congo e Moçambique.
"Essa é, para nós, uma língua
que traduz o nosso ideal de pan-africanismo porque não está associada a etnias", argumentou
Tembo. Kwanzaa, que deriva da
expressão suali "matunda ya
kwanza", significa os primeiros
frutos.
A cantora nova-iorquina Tullan Kanard comemora o Kwanzaa com amigos e familiares há
20 anos. "Para mim, esse é um
feriado para reforçar os valores
dos nossos ancestrais e para
transmitir esses valores a outras
gerações. Acho importante usar
esse momento para refletir sobre
a nossa identidade", disse.
Kanard conta que a cada ano
ela escolhe um dos sete princípios e realiza uma grande ceia.
Cada um dos convidados para o
jantar traz uma fruta, são contadas histórias sobre os africanos e
também há música. Com trajes
típicos, os participantes acendem as sete velas do "mshumaa
saba" (espécie de candelabro),
que são vermelhas, pretas ou
verdes, cores da África.
(CC)
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