UOL


São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FESTA AFRO-AMERICANA

Celebração criada nos EUA em 1966 ressalta valores africanos e já tem 28 milhões de participantes

"Feliz Kwanzaa", desejam afrodescendentes

DE NOVA YORK

Entre o final dos festejos natalinos e a expectativa do Réveillon, cerca de 28 milhões de africanos e afrodescendentes em todo o mundo dizem: "feliz Kwanzaa". A comemoração, que começou em 26 de dezembro e termina amanhã, exalta o legado da cultura africana.
Criado na Califórnia pelo cientista político Maulana Karenga em 1966, o Kwanzaa é considerado uma mistura do reflexo da luta pelos direitos dos negros, liderada por Martin Luther King nos anos 60, e tradições africanas.
"Kwanzaa é baseado em rituais africanos de celebração da colheita. Trata-se de reverência à natureza, à identidade cultural do povo africano. É uma celebração não-religiosa, mas que dá à ênfase a valores espirituais como a fraternidade e a solidariedade", afirmou Chimbuko Tembo, vice-presidente da organização Us, que luta pelos direitos dos negros.
Segundo Tembo, o objetivo de Karenga era criar uma festa pan-africana que diminuísse o peso da aculturação dos afrodescendentes, sobretudo nos EUA.
Cada dia do ritual celebra um dos sete princípios comuns às culturas africanas: "umoja" (unidade), "kujichagulia" (autodeterminação), "ujima" (trabalho coletivo e responsabilidade), "ujamaa" (cooperação econômica), "nia" (propósito), "kuumba" (criatividade) e "imani" (fé).
As palavras são oriundas da língua suali, comum a diversos países da África como Uganda, República Democrática do Congo e Moçambique.
"Essa é, para nós, uma língua que traduz o nosso ideal de pan-africanismo porque não está associada a etnias", argumentou Tembo. Kwanzaa, que deriva da expressão suali "matunda ya kwanza", significa os primeiros frutos.
A cantora nova-iorquina Tullan Kanard comemora o Kwanzaa com amigos e familiares há 20 anos. "Para mim, esse é um feriado para reforçar os valores dos nossos ancestrais e para transmitir esses valores a outras gerações. Acho importante usar esse momento para refletir sobre a nossa identidade", disse.
Kanard conta que a cada ano ela escolhe um dos sete princípios e realiza uma grande ceia. Cada um dos convidados para o jantar traz uma fruta, são contadas histórias sobre os africanos e também há música. Com trajes típicos, os participantes acendem as sete velas do "mshumaa saba" (espécie de candelabro), que são vermelhas, pretas ou verdes, cores da África. (CC)


Texto Anterior: Pilotos brasileiros criticam vôo policiado
Próximo Texto: Pesquisa: Bush e Hillary formam "casal" mais admirado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.