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Farc atrasam entrega dos três reféns, diz Venezuela
Coordenador indicado por Chávez afirma estar certo de que operação se concretizará
Parentes dos seqüestrados aguardam em hotel de Caracas; Cruz Vermelha apela às Farc por envio
da localização de vítimas
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A recuperação de três reféns
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
voltou a ser adiada ontem porque a guerrilha ainda não informou onde será feita a entrega,
informou o governo venezuelano, responsável pela operação.
Segundo o chanceler Nicolás
Maduro, o desfecho ainda pode
levar alguns dias.
"Estamos à espera das coordenadas finais. Estamos preparados com toda a fortaleza para
que, quando tenhamos as coordenadas, a operação termine de
maneira bem-sucedida", disse
Maduro em Caracas. Segundo
ele, a operação "poderia demorar outros dias mais".
O coordenador da chamada
"Operação Emmanuel", o ex-ministro venezuelano Ramón
Rodríguez Chacín, confirmou o
atraso do resgate, mas disse que
a missão não está sob risco.
"Tenho certeza de que isso vai
ser realizado em breve, num
curto prazo vamos ter essa operação", afirmou em Caracas.
Rodríguez disse que planeja
viajar à Colômbia assim que receber as coordenadas das Farc,
o que pode ocorrer "a qualquer
momento".
A Cruz Vermelha Internacional, que participa da operação,
fez ontem à noite um apelo às
Farc para que enviem as coordenadas, "por razões humanitárias", devido à "longa espera"
das famílias dos reféns. "Em
nome dos parentes e dos reféns
quero fazer um apelo às Farc
para que informem logo o lugar
da libertação", disse Bárbara
Hintermann, representante da
entidade na Colômbia.
O centro das operações foi
montado em Villavicencio (a
100 quilômetros de Bogotá),
onde helicópteros venezuelanos esperam o sinal verde das
Farc. Desde anteontem, estão
na cidade o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia, e o ex-presidente
Néstor Kirchner, além de representantes dos governos de
França, Cuba, Equador, Bolívia
e Suíça.
Participa ainda da missão de
resgate o cineasta norte-americano Oliver Stone. O diretor de
"Nascido em 4 de Julho" terá a
exclusividade para filmar a entrega dos reféns das Farc, segundo informou a rádio colombiana Caracol. O material fará
parte de um documentário sobre a América Latina.
Troca de moeda
Em Caracas, familiares esperam num hotel a chegada dos
seqüestrados à Venezuela -as
Farc decidiram libertar os três
reféns em ato de "desagravo" a
Chávez, cuja mediação nas negociações foi interrompida no
mês passada pelo colega colombiano, Álvaro Uribe.
A novela da liberação dos reféns se transformou no principal assunto da imprensa venezuela dos últimos dias, apesar
de que o país começará uma
complexa troca de mudança da
moeda, a partir de amanhã -sai
o bolívar, entra o bolívar forte.
Na TV estatal VTV, notícias
sobre a operação são intercaladas por propagandas enaltecendo a atuação do presidente
Hugo Chávez durante as negociações com as Farc.
Apesar de ter chamado Chávez de "legitimador do terrorismo" no mês passado, Uribe deu
na semana passada o aval para
que Chávez montasse a operação. O colombiano, no entanto,
já descartou a volta do colega
venezuelano à mesa de negociações com as Farc para a troca de 45 reféns por cerca de 500
guerrilheiros presos.
Deverão ser soltos Clara Rojas, assessora da ex-candidata
presidencial Ingrid Betancourt, ambas seqüestradas em
2002; seu filho Emmanuel,
nascido em cativeiro e fruto da
relação com integrante das
Farc; e a ex-congressista Consuelo González.
Ataque a Hércules
O governo colombiano informou que um avião militar Hércules quase foi atingido ontem
por um foguete. O suposto ataque ocorreu na cidade de Neiva
(250 km a sudoeste de Bogotá),
uma região com forte presença
das Farc e do narcotráfico. A
aeronave levava cerca de 50
soldados. Ninguém se feriu.
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