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EUA mudam e pedem trégua "confiável"
Drama humanitário leva Estados Unidos e países europeus a matizar apoio à ofensiva israelense contra faixa de Gaza
Governo americano anuncia US$ 85 milhões de ajuda para os palestinos; UE afirma que enviará missão ministerial à região
DA REDAÇÃO
Destoando da retórica predominante desde o início do
conflito, as grandes potências
ocidentais passaram ontem a
pressionar Israel por um cessar-fogo na faixa de Gaza. Até
então, os Estados Unidos e os
principais países europeus vinham justificando os bombardeios israelenses como resposta legítima aos disparos de mísseis do Hamas.
A mudança mais significativa
partiu de Washington, aliado
incondicional e principal fornecedor de armas de Israel.
Gordon Duguid, porta-voz do
Departamento de Estado, afirmou que a Casa Branca ainda
culpa o Hamas pela crise atual,
mas ressaltou que o presidente
George W. Bush "está preocupado com os cidadãos de Gaza".
O porta-voz relatou que Bush
e a secretária de Estado Condoleezza Rice mantiveram, ao
longo do dia, conversas telefônicas com várias lideranças israelenses e árabes em busca de
um "cessar-fogo confiável, que
seja durável e sustentável".
Segundo o "New York Times", a mudança de posição se
deve ao alto de número de mortos nos ataques -ao menos
384, dos quais 60 civis segundo
a ONU- e à deterioração da situação humanitária em Gaza,
que está sob bloqueio israelense há um ano e meio.
Os EUA anunciaram ainda
uma ajuda de US$ 85 milhões
aos palestinos -dos quais US$
60 milhões para Gaza.
No plano multilateral, a Casa
Branca endossou uma declaração conjunta informal do Quarteto para o Oriente Médio
-que reúne EUA, ONU, Rússia
e UE (União Européia)- exigindo um "cessar-fogo imediato" da violência em Gaza.
Tom semelhante foi usado
pelos 27 países da UE, que ontem acataram pedido da França
por um "cessar-fogo imediato e
permanente" como forma de
aliviar a situação humanitária
em Gaza e permitir a entrada
de suprimentos na região.
Embora contemple tanto o
Hamas como Israel, a declaração é vista como um apelo pelo
fim dos ataques israelenses.
A posição européia foi manifestada pelos chanceleres do
bloco, convocados às pressas
em Paris para tratar da crise em
Gaza, em reunião que selou o
fim da Presidência francesa da
UE -a França será substituída
amanhã pela República Tcheca, que ocupará o cargo até o final de junho de 2009.
A UE também anunciou o
envio de uma missão ministerial à região "em breve". Até o
fechamento desta edição, não
estava claro quem formaria
parte da delegação nem quais
seriam as suas funções.
As manobras diplomáticas
dos europeus também refletem
uma mudança retórica significativa. No início dos ataques, a
voz predominante na UE era de
apoio claro a Israel contra o
Hamas, que a UE considera
grupo terrorista. Alemanha,
Itália e República Tcheca se
pronunciaram abertamente
em favor da ofensiva.
A França não endossou os
ataques, mas havia deixado claro que considerava o Hamas
responsável pela violência. No
entanto, partiu ontem de Paris
a proposta de trégua de 48 horas, que está sendo analisada
por Israel. Segundo jornais israelenses, o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, irá na próxima
semana a Jerusalém.
Com agências internacionais
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