São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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EUA mudam e pedem trégua "confiável"

Drama humanitário leva Estados Unidos e países europeus a matizar apoio à ofensiva israelense contra faixa de Gaza

Governo americano anuncia US$ 85 milhões de ajuda para os palestinos; UE afirma que enviará missão ministerial à região

DA REDAÇÃO

Destoando da retórica predominante desde o início do conflito, as grandes potências ocidentais passaram ontem a pressionar Israel por um cessar-fogo na faixa de Gaza. Até então, os Estados Unidos e os principais países europeus vinham justificando os bombardeios israelenses como resposta legítima aos disparos de mísseis do Hamas.
A mudança mais significativa partiu de Washington, aliado incondicional e principal fornecedor de armas de Israel.
Gordon Duguid, porta-voz do Departamento de Estado, afirmou que a Casa Branca ainda culpa o Hamas pela crise atual, mas ressaltou que o presidente George W. Bush "está preocupado com os cidadãos de Gaza".
O porta-voz relatou que Bush e a secretária de Estado Condoleezza Rice mantiveram, ao longo do dia, conversas telefônicas com várias lideranças israelenses e árabes em busca de um "cessar-fogo confiável, que seja durável e sustentável".
Segundo o "New York Times", a mudança de posição se deve ao alto de número de mortos nos ataques -ao menos 384, dos quais 60 civis segundo a ONU- e à deterioração da situação humanitária em Gaza, que está sob bloqueio israelense há um ano e meio.
Os EUA anunciaram ainda uma ajuda de US$ 85 milhões aos palestinos -dos quais US$ 60 milhões para Gaza.
No plano multilateral, a Casa Branca endossou uma declaração conjunta informal do Quarteto para o Oriente Médio -que reúne EUA, ONU, Rússia e UE (União Européia)- exigindo um "cessar-fogo imediato" da violência em Gaza.
Tom semelhante foi usado pelos 27 países da UE, que ontem acataram pedido da França por um "cessar-fogo imediato e permanente" como forma de aliviar a situação humanitária em Gaza e permitir a entrada de suprimentos na região.
Embora contemple tanto o Hamas como Israel, a declaração é vista como um apelo pelo fim dos ataques israelenses.
A posição européia foi manifestada pelos chanceleres do bloco, convocados às pressas em Paris para tratar da crise em Gaza, em reunião que selou o fim da Presidência francesa da UE -a França será substituída amanhã pela República Tcheca, que ocupará o cargo até o final de junho de 2009.
A UE também anunciou o envio de uma missão ministerial à região "em breve". Até o fechamento desta edição, não estava claro quem formaria parte da delegação nem quais seriam as suas funções.
As manobras diplomáticas dos europeus também refletem uma mudança retórica significativa. No início dos ataques, a voz predominante na UE era de apoio claro a Israel contra o Hamas, que a UE considera grupo terrorista. Alemanha, Itália e República Tcheca se pronunciaram abertamente em favor da ofensiva.
A França não endossou os ataques, mas havia deixado claro que considerava o Hamas responsável pela violência. No entanto, partiu ontem de Paris a proposta de trégua de 48 horas, que está sendo analisada por Israel. Segundo jornais israelenses, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, irá na próxima semana a Jerusalém.

Com agências internacionais



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