São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Lula critica ONU e tenta articular reunião

Presidente diz que poder de veto dos EUA atrapalha esforços pela paz no âmbito das Nações Unidas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Recife (PE) que a atual crise em Israel mostra que há falta de "coragem" da ONU e que as ações da organização são prejudicadas pelos Estados Unidos. Também falou que pediu ao ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) para que ligasse ao chanceler da França e organizasse uma reunião de emergência com outros países para discutir o assunto.
"O que está provado é que a ONU não tem coragem de tomar uma decisão de colocar paz naquilo lá. E não tem coragem porque os Estados Unidos têm poder de veto. E, portanto, as coisas não acontecem", disse o presidente em discurso. Lula esteve em Recife para inaugurar um parque chamado Dona Lindu -apelido da mãe dele.
O presidente disse que "o potencial armamentista de Israel perto do palestino é como se um tivesse um palito de fósforos, e o outro, uma bomba". Mas afirmou que "o Hamas é um grupo muito radical".
No evento, Lula também falou sobre as possíveis razões para a ofensiva do Exército de Israel contra o Hamas na faixa de Gaza. Segundo o presidente, pode haver influência da proximidade das eleições no país, marcadas para 10 de fevereiro.
"Temo que as pessoas, com a pesquisa na mão, achando que devem atacar, fazem o que o presidente Bush fez na guerra do Iraque. A pesquisa disse que o povo americano era favorável, então resolveram fazer a guerra do Iraque para ganhar a eleição no segundo mandato."
Outra possível causa, disse Lula, é a troca de comando nos Estados Unidos. "O presidente Bush está saindo dia 20 [de janeiro]. Quem sabe o ministro da Defesa de Israel falou: "Deixa eu fazer logo o que eu tenho de fazer antes de o [presidente eleito Barack] Obama vir, porque o Obama pode não querer que eu faça isso"."
A Folha apurou que a idéia de Lula é estimular um reencontro de um grupo de líderes de 50 países que se reuniu em Annapolis, nos Estados Unidos, em uma conferência sobre a paz em 2007.
Para Lula, já está provado que "não dá certo" deixar apenas os Estados Unidos negociarem a paz com palestinos e israelenses. "Vamos trabalhar para fazer um esforço muito grande junto aos outros países para ver se a gente encontra um jeito de aquele povo parar de se matar", disse. "Não vou fazer um apelo daqui porque eles não conseguem ver nossa televisão lá em Israel."
Mas pediu, a seguir, que os presentes à cerimônia batessem palmas "pela paz no Oriente Médio". "Como o Brasil vive com a comunidade judaica em paz, com a comunidade árabe em paz, eu acho que nós poderíamos fazer um apelo para que Israel, os palestinos, construíssem a paz."


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