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Lula critica ONU e tenta articular reunião
Presidente diz que poder de veto dos EUA atrapalha esforços pela paz no âmbito das Nações Unidas
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Recife (PE) que a atual crise em Israel mostra que há falta de "coragem" da ONU e que as ações
da organização são prejudicadas pelos Estados Unidos.
Também falou que pediu ao
ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) para que ligasse ao chanceler da França e organizasse uma reunião de
emergência com outros países
para discutir o assunto.
"O que está provado é que a
ONU não tem coragem de tomar uma decisão de colocar paz
naquilo lá. E não tem coragem
porque os Estados Unidos têm
poder de veto. E, portanto, as
coisas não acontecem", disse o
presidente em discurso. Lula
esteve em Recife para inaugurar um parque chamado Dona
Lindu -apelido da mãe dele.
O presidente disse que "o potencial armamentista de Israel
perto do palestino é como se
um tivesse um palito de fósforos, e o outro, uma bomba".
Mas afirmou que "o Hamas é
um grupo muito radical".
No evento, Lula também falou sobre as possíveis razões
para a ofensiva do Exército de
Israel contra o Hamas na faixa
de Gaza. Segundo o presidente,
pode haver influência da proximidade das eleições no país,
marcadas para 10 de fevereiro.
"Temo que as pessoas, com a
pesquisa na mão, achando que
devem atacar, fazem o que o
presidente Bush fez na guerra
do Iraque. A pesquisa disse que
o povo americano era favorável, então resolveram fazer a
guerra do Iraque para ganhar a
eleição no segundo mandato."
Outra possível causa, disse
Lula, é a troca de comando nos
Estados Unidos. "O presidente
Bush está saindo dia 20 [de janeiro]. Quem sabe o ministro
da Defesa de Israel falou: "Deixa
eu fazer logo o que eu tenho de
fazer antes de o [presidente
eleito Barack] Obama vir, porque o Obama pode não querer
que eu faça isso"."
A Folha apurou que a idéia
de Lula é estimular um reencontro de um grupo de líderes
de 50 países que se reuniu em
Annapolis, nos Estados Unidos, em uma conferência sobre
a paz em 2007.
Para Lula, já está provado
que "não dá certo" deixar apenas os Estados Unidos negociarem a paz com palestinos e israelenses. "Vamos trabalhar
para fazer um esforço muito
grande junto aos outros países
para ver se a gente encontra
um jeito de aquele povo parar
de se matar", disse. "Não vou
fazer um apelo daqui porque
eles não conseguem ver nossa
televisão lá em Israel."
Mas pediu, a seguir, que os
presentes à cerimônia batessem palmas "pela paz no
Oriente Médio". "Como o Brasil vive com a comunidade judaica em paz, com a comunidade árabe em paz, eu acho que
nós poderíamos fazer um apelo
para que Israel, os palestinos,
construíssem a paz."
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