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Brasil espera encontro "de arejamento"
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) telefonou ontem ao presidente
da Autoridade Palestina,
Mahmoud Abbas, e aos
chanceleres da França e do
Egito sugerindo uma reunião
internacional para intermediar soluções ao conflito árabe-israelense. O plano é que
França e Brasil sejam os
principais anfitriões.
O ministro francês Bernard Kouchner levou a idéia
ontem mesmo a chanceleres
europeus, que fizeram uma
reunião de emergência, em
Paris, para articular a participação do bloco nas negociações do processo de paz.
À Folha Amorim enfatizou a posição de Lula em Recife sobre o entrave que os
EUA causam à questão na
ONU. Eles conversaram no
início da tarde, por telefone.
Amorim disse que a proposta brasileira "não foi gratuitamente", porque o próprio Abbas já pedira pessoalmente a ele que articulasse
uma reunião ampliada sobre
a questão do Oriente Médio.
Os dois conversaram no
início deste mês em Doha,
durante um encontro para
discutir financiamentos globais. Abbas chegou a sugerir
que fosse ainda neste ano, o
que seria inviável.
A reunião proposta pelo
Brasil seria nos moldes da
que foi realizada por cerca de
meia centena de países em
Annapolis (EUA), em 2007.
A segunda rodada estava
prevista para este ano, em
Moscou, mas não foi realizada, segundo Amorim, porque
Israel alegou que "as condições não estavam maduras".
O chanceler reconhece
que, como a meta é o cessar-fogo imediato, há outras
prioridades antes de uma segunda rodada Annapolis e citou: uma cúpula da União
Européia, as reuniões dos
ministros e depois dos chefes de Estado da Liga Árabe e
a convocação do Conselho
de Segurança da ONU.
Mas disse que a reunião
"de arejamento", envolvendo outros países mais neutros que os EUA, por exemplo, "deve ser feita em qualquer situação, se essas outras instâncias conseguirem
ou não o cessar-fogo".
Para Amorim, não é verdade que o Brasil historicamente tende para o lado palestino. "Hoje, nós temos
uma posição muito equilibrada. Só que, quando há
uma ação desequilibrada,
você não pode nos exigir
uma posição equilibrada",
disse ele, condenando os ataques de Israel na faixa de Gaza como "barbaridades que
só fortalecem os radicais".
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