São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Brasil espera encontro "de arejamento"

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) telefonou ontem ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e aos chanceleres da França e do Egito sugerindo uma reunião internacional para intermediar soluções ao conflito árabe-israelense. O plano é que França e Brasil sejam os principais anfitriões.
O ministro francês Bernard Kouchner levou a idéia ontem mesmo a chanceleres europeus, que fizeram uma reunião de emergência, em Paris, para articular a participação do bloco nas negociações do processo de paz.
À Folha Amorim enfatizou a posição de Lula em Recife sobre o entrave que os EUA causam à questão na ONU. Eles conversaram no início da tarde, por telefone.
Amorim disse que a proposta brasileira "não foi gratuitamente", porque o próprio Abbas já pedira pessoalmente a ele que articulasse uma reunião ampliada sobre a questão do Oriente Médio.
Os dois conversaram no início deste mês em Doha, durante um encontro para discutir financiamentos globais. Abbas chegou a sugerir que fosse ainda neste ano, o que seria inviável.
A reunião proposta pelo Brasil seria nos moldes da que foi realizada por cerca de meia centena de países em Annapolis (EUA), em 2007. A segunda rodada estava prevista para este ano, em Moscou, mas não foi realizada, segundo Amorim, porque Israel alegou que "as condições não estavam maduras".
O chanceler reconhece que, como a meta é o cessar-fogo imediato, há outras prioridades antes de uma segunda rodada Annapolis e citou: uma cúpula da União Européia, as reuniões dos ministros e depois dos chefes de Estado da Liga Árabe e a convocação do Conselho de Segurança da ONU.
Mas disse que a reunião "de arejamento", envolvendo outros países mais neutros que os EUA, por exemplo, "deve ser feita em qualquer situação, se essas outras instâncias conseguirem ou não o cessar-fogo".
Para Amorim, não é verdade que o Brasil historicamente tende para o lado palestino. "Hoje, nós temos uma posição muito equilibrada. Só que, quando há uma ação desequilibrada, você não pode nos exigir uma posição equilibrada", disse ele, condenando os ataques de Israel na faixa de Gaza como "barbaridades que só fortalecem os radicais".


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