São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

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Intelectuais de Israel criticam ofensiva militar

DA REDAÇÃO

Apesar do apoio de 81% dos israelenses aos bombardeios, apurado em pesquisa de opinião da emissora de TV Canal 10, intelectuais e analistas políticos do país criticaram a ação na faixa de Gaza e recomendaram um cessar-fogo.
Uma dessas vozes é a do historiador e cientista político Tom Segev, autor de artigo intitulado "Tentar ensinar uma lição ao Hamas é fundamentalmente errado", no qual sustenta que a estratégia de ""dar uma lição" é um princípio básico que acompanhou a empreitada sionista desde sua origem".
"O bombardeio a Gaza deveria liqüidar o regime do Hamas, conforme outro princípio sionista: que é possível impor uma liderança palestina "moderada", que abandone aspirações nacionalistas. Como corolário, Israel sempre acreditou que causar sofrimento a civis palestinos os faria rebeldes contra seus líderes nacionais, o que se mostrou errado várias vezes", escreveu Segev no "Haaretz".
Outro que tratou de lições do passado foi o escritor David Grossman, que teve um filho morto enquanto participava da guerra contra o Hizbollah, no Líbano, em 2006.
No "Haaretz", ele defendeu que Israel suste por 48 horas os bombardeios, visando abrir um canal para negociações.
"Se tivéssemos adotado essa atitude em julho de 2006, após o Hizbollah ter seqüestrado nossos soldados, se tivéssemos parado após nossa resposta inicial, e declarado cessar-fogo por um ou dois dias para mediação, a realidade hoje poderia ser totalmente diferente. É provavelmente a lição mais importante daquela guerra."
Outro que advogou a interrupção dos ataques foi o escritor Amos Oz. Ao jornal italiano "Corriere della Sera", ele disse que "o Hamas é responsável" pelo aumento da violência, mas ressalvou: "chegou o tempo de buscar um cessar-fogo".
O ex-chanceler Shlomo Ben-Ami, no jornal espanhol "El País", indagou: "É realista pensar em derrubar o regime do Hamas?". "Talvez caia o governo de Ismail Hanyieh [premiê do Hamas em Gaza], mas o Hamas continuará sendo um poderoso produto natural da Palestina", escreveu ele, destacando que, quando Israel negociar novo cessar-fogo, "será com o mesmo Hamas".


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