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Jovens, soldados pouco sabem da situação em Gaza
Militares aguardam na fronteira ordem de Israel, ignorando número de mortos
Soldado de Jerusalém, dizendo-se "emocionado", pede que mundo entenda direito de Israel; americano sai de Los Angeles para lutar
DO ENVIADO ESPECIAL A SDEROT
Em um caminho enlameado
na beira da estrada que leva à
principal passagem da fronteira entre Israel e Gaza, um pequeno grupo de soldados faz
uma refeição improvisada, enquanto espera a ordem para
uma possível invasão terrestre
do território palestino. O mais
velho, que comanda os demais,
tem 24 anos. O mais novo, recém-chegado ao Exército, tem
pouco mais de 18.
São soldados como esses que
estarão na linha de frente caso
o governo israelense dê a ordem para uma ofensiva terrestre contra os militantes do grupo fundamentalista islâmico. O
que pensa um soldado prestes a
entrar em combate?
"Estou emocionado e orgulhoso", disse o soldado Yossef,
21, de Jerusalém, enquanto
mastiga a ração militar dividida
numa bandeja de plástico, com
arroz, legumes e frango. Diz
não ter medo. "É uma honra
defender o meu país. E um direito que nosso país tem e que o
mundo precisa entender."
A última frase é dita sob os
olhares do também jovem comandante, que permite a contragosto a violação da proibição
imposta a soldados de dar entrevistas, sob a condição de que
opiniões políticas fiquem de fora. A seu lado, o californiano
John bebe um suco de uva de
caixinha e manifesta preocupação com a curiosidade da imprensa internacional.
"Meus pais moram em Los
Angeles e pensam que estou
servindo no norte do país", diz,
com um sorriso tímido que
contrasta com seus quase 1,90
m de altura. "Mas acabou de
passar aqui um cinegrafista da
Fox [rede de TV americana] e
acho que me filmou. Se minha
mãe me vir na entrada de Gaza,
acho que ela terá um ataque."
A entrevista com a Folha logo muda de direção, devido à
curiosidade do soldado em saber o que acontece no território que está prestes a invadir.
"Mais de 300 mortos? Está falando sério?", pergunta John,
ao saber o número de mortos
em Gaza nos quatro dias de
ofensiva israelense.
"Estamos há três dias acampados aqui, meio isolados, esperando a ordem", diz o americano, que deixou Los Angeles
para realizar o sonho de servir
o país onde seu pai nasceu. "Tive uma educação sionista, tenho vários parentes aqui e não
faço mais que a minha obrigação", acredita.
Na região onde estão Yossef,
John e centenas de outros soldados, uma grande quantidade
de blindados do Exército começou a ser alinhada nos últimos dias. A maioria está posicionada em campos usados para produção agrícola de kibutzim (cooperativas agrícolas).
Nesta época de inverno em
Israel, quando os campos estão
sendo preparados para a semeadura, os tanques substituíram os pés de algodão, tomate e
pepino.
(MARCELO NINIO)
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