São Paulo, quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Iêmen lança ofensiva contra Al Qaeda

Operação ontem prende um; endurecimento acompanha preparação dos EUA para incrementar cooperação militar

Ação chega após tentativa frustrada de ataque a avião nos EUA; novos detalhes indicam falha do país em compartilhar informações

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

No início de uma ofensiva em resposta ao ataque frustrado nos EUA por um terrorista treinado no Iêmen, forças de segurança iemenitas invadiram um esconderijo da Al Qaeda no oeste do país e prenderam uma pessoa ontem. A operação começou enquanto os EUA preparam uma expansão da cooperação militar e de inteligência com o governo local.
O objetivo das ações é desbaratar e esmagar o braço iemenita da rede, conhecido como Al Qaeda na península Árabe, acusado de treinar o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, que tentou explodir um voo americano que ia de Amsterdã para Detroit na última sexta.
A invasão de ontem provocou uma batalha com supostos membros do grupo na Província de Hudayah, que acabaram fugindo. O dono da casa onde ficava o esconderijo foi detido.
A nova ofensiva reforça iniciativa já em curso -autoridades locais afirmam ter matado mais de 60 supostos membros do grupo entre os dias 17 e 24.
Membros dos serviços de contraterrorismo dos EUA afirmaram esperar novas ações em resposta à tentativa de explosão do voo americano, mas lideradas por forças iemenitas. O porta-voz do Pentágono Bryan Whitman confirmou planos de aumento da cooperação militar, mas negou relatos sobre ataques retaliatórios diretos dos EUA no país.
Os EUA vêm aumentando a quantidade de equipamento militar, inteligência e treinamento que fornecem a forças iemenitas. Mas boa parte da ajuda é secreta, para evitar que a opinião pública iemenita se volte contra seu governo. O Pentágono admite ter enviado ao Iêmen ajuda de US$ 67 milhões em 2009, contra US$ 4,6 milhões em 2006.

Atentado frustrado
Depois que o presidente dos EUA, Barack Obama, classificou a tentativa de explosão do voo como "falha sistêmica" na segurança, detalhes divulgados ontem comprovam que o governo não foi capaz de compartilhar adequadamente informações sobre o risco de ataque.
Segundo o governo, a área de inteligência tinha informações do Iêmen de que líderes da Al Qaeda no país teriam preparado "um nigeriano" para um ataque terrorista. Além disso, o governo tinha informações parciais sobre os planos de Abdulmutallab e por onde ele tinha passado antes de embarcar no voo em Amsterdã.
Ontem, soube-se ainda que o nigeriano foi a uma conferência islâmica em Houston em 2008.
O presidente ordenou uma revisão dos procedimentos de segurança em aeroportos e também na lista de suspeitos de terrorismo, com resultados que devem ser divulgados hoje.
Os EUA ainda investigam um episódio semelhante, em que um homem da Somália tentou viajar com produtos químicos e seringa no mês passado, mas foi detido antes do embarque.
Os casos levantaram polêmica sobre o uso de máquinas de revista para identificar se um passageiro carrega explosivos ou produtos químicos. Nos EUA, grupos que defendem a privacidade afirmam que a medida causa constrangimento por produzir imagens do corpo dos passageiros.
Enquanto isso, o Schiphol, maior aeroporto internacional da Holanda, vai começar a usar estes equipamentos em passageiros com destino aos EUA.


Texto Anterior: Pirataria: China defende instalação de base naval no estrangeiro
Próximo Texto: Van suspeita causa alarme falso em Nova York
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.