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Dono de imóvel empreende menos

Quem prefere o primeiro negócio à casa própria tem perfil arrojado e é disposto a arriscar

Simon Plestenjak/Folhapress
Fernando Araújo e Karen Kopitar inauguraram o bar Naïve neste ano
Fernando Araújo e Karen Kopitar inauguraram o bar Naïve neste ano

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Comprar uma casa pode ser incompatível com abrir um negócio.

Quem adquire a casa própria está menos propenso a investir em um empreendimento, segundo economistas da London School of Economics, que publicaram recentemente o estudo "Homeownership and Entrepreneurship" (Propriedade Imobiliária e Empreendedorismo).

A explicação é que aqueles que contraem uma dívida para a compra de um imóvel preferem não se arriscar em um empreendimento por receio de se endividarem (leia entrevista nesta página).

Para José Eduardo Balian, professor de economia da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a lógica é a mesma no Brasil. "O dinheiro é um só", resume.

O sistema inglês de financiamento, por hipoteca, é diferente do brasileiro, pelo qual a propriedade só passa para o comprador depois que todas as prestações são pagas, segundo Osmar Roncolato, vice-presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

"Nos dois sistemas, o financiador busca o bem para garantir a operação se não houver pagamento", diz.

DESEJO X INVESTIMENTO

Antes de fundar a Get Ninjas, uma plataforma de oferta de serviços, Eduardo L'Hotellier, 27, cogitou a possibilidade de dar entrada em um imóvel. Mas preferiu usar os R$ 50 mil que tinha para comprar computadores e contratar profissionais free-lance.

L'Hotellier acredita que "ter o próprio lugar é uma questão de desejo, não uma decisão de investimento". Ele mora em um apartamento alugado com dois colegas.

Investir em um imóvel ou começar uma empresa é uma questão recorrente nas conversas entre empreendedores, segundo Marcelo Nakagawa, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper.

A decisão, afirma, depende do perfil da pessoa -se é mais arrojado ou se é avesso a riscos. "Fazer plano de negócio e testar com os primeiros clientes minimizam as chances de insucesso."

"Não importa o quanto se estude e analise, sempre haverá uma incerteza em relação ao resultado [da empresa]", diz Fernando Araújo, 30, que abriu neste ano o bar Naïve, em São Paulo. O investimento inicial foi de R$ 50 mil.

"Pensei em financiar a compra de uma casa, mas, além dos juros altos, os preços dos imóveis estão impraticáveis", diz ele, que aluga um apartamento com a mulher e sócia Karen Kopitar, 30.

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