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Minha história - Agda Óliver, 31

Faça você mesma

(...)Criar uma oficina só para mulheres poderia evitar situações como a que
eu vivi ao ser enganada por um mecânico

ALINE CARRIJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

RESUMO: Agda Óliver, 31, mineira, mudou-se para Brasília em 2000. Na capital federal, trabalhou como frentista, patinadora de hipermercado e bancária. Formada em sistemas de informação, ela inaugurou, em abril de 2010, a oficina Meu Mecânico, voltada ao público feminino -enquanto esperam os reparos no carro, as mulheres podem, por exemplo, fazer as unhas em um salão de beleza.

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Quando saí do interior de Minas Gerais e fui para Brasília, não podia imaginar que o projeto profissional da minha vida surgiria de uma situação em que fui completamente enganada.

Tudo começou em 2008, quando precisei levar meu carro para a troca de óleo. O mecânico disse ter feito vários serviços que depois descobri não serem sequer possíveis no modelo que eu tinha. O que me consola é que foi isso que deu início à minha história de empreendedorismo.

Assim que cheguei a Brasília, tive de encontrar maneiras de me sustentar e pagar a faculdade [de sistemas de informação]. Trabalhei como frentista em um posto de gasolina, como patinadora em um hipermercado e como gerente de contas em um grande banco.

COISA DE MULHER

Logo depois do incidente com o carro, fui estudar mecânica -não queria ser enganada novamente. Foi assim que me apaixonei pelo assunto. Ao mesmo tempo em que estudava, pensava em como era difícil para as mulheres levar seus carros às oficinas, ambientes quase sempre machistas.

Uma oficina só para mulheres poderia evitar situações como a que vivi. Procurei na internet se já existia alguma. Encontrei uma referência ou outra em São Paulo, mas, em Brasília, não havia nenhuma.

No ano seguinte, em 2009, conheci o cara que seria meu futuro marido. Foi tudo muito rápido. Em menos de dois meses, fomos morar juntos. Logo de cara contei a ele a minha ideia. No início, ninguém acreditava no meu projeto -nem mesmo ele. Eu tinha um ótimo emprego no banco e abandoná-lo em nome de algo duvidoso parecia loucura demais.

Fui dormir algumas vezes brigada com meu marido por querer levar isso adiante. Mas a ideia não saía da minha cabeça e eu não estava disposta a desistir.

Até que chegamos a um acordo: eu iria ao Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) apresentar o projeto. Se eles o aprovassem, meu marido me apoiaria. Caso contrário, eu desistiria.

O consultor achou fantástico. Em abril de 2010, finalmente comprei uma oficina. O dinheiro utilizado na aquisição era tudo que tínhamos na poupança. Nós mesmos pintamos o local e eu distribui panfletos no semáforo para divulgar a novidade.

OPERAÇÃO BELEZURA

Aos poucos, a loja foi ficando mais conhecida e pude investir o dinheiro que entrava no meu verdadeiro projeto: unir a oficina com atividades de salão de beleza.

A ideia se concretizou com o projeto TPM (Terça para Mulheres). Nesse dia da semana, oferecemos às clientes que utilizassem nossos serviços diversos tipos de atendimento, como limpeza de pele e manicure, em salões com os quais firmamos parcerias. Foi um sucesso, e hoje fazemos essas promoções todos os dias.

Sempre fui muito confiante e acho que isso foi essencial para eu ter levado adiante um projeto no qual poucos acreditavam. Tenho certeza de que a oficina tem tudo para crescer. Hoje, sou uma mulher muito mais realizada.

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