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Dívida das famílias freia as vendas

Veja algumas maneiras de driblar a desaceleração no comércio e manter seu negócio em alta

DE SÃO PAULO

Além do risco de prejuízo com a alta da inadimplência, pequenos e médios comerciantes devem se preparar para uma possível queda nas vendas, já que, com o endividamento das famílias brasileiras, há uma redução na intenção de compra.

Uma pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo) indica que o percentual de consumidores que têm planos de adquirir algum bem durável entre julho e setembro caiu para 53,8% -no ano passado, esse índice era de 72,4%.

Os produtos que tiveram as maiores quedas nas intenções de compra foram eletroeletrônicos (recuo de 76%), equipamentos fotográficos (-52%), eletroportáteis (-38%) e cama, mesa e banho (-16%).

Para garantir as vendas em tempos de desaceleração do comércio, especialistas recomendam que empresários analisem seus negócios para reduzir custos e preços -e descubram onde é possível economizar.

"É importante reduzir preços, mas você só vai conseguir isso se baixar os custos", diz Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar.

A instituição calcula que o varejo perde 1,7% do faturamento bruto com manuseio inadequado de mercadorias, produtos com validade vencida ou pequenos furtos. Esse é um gasto que, com otimização e esforço, pode ser eliminado.

SUPÉRFLUOS

De acordo com Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, é preciso também fazer uma análise dos produtos em que a empresa é mais competitiva e garante maiores lucro e perspectivas. "Insistir no erro de produtos que não dão retorno pode levar a empresa a quebrar", afirma (veja mais dicas ao lado).

Segundo o especialista, comerciantes de bens supérfluos (cuja venda pode ser postergada), como brinquedos, serviços de lazer e vestuário, costumam ser mais impactados pela desaceleração.

Jean Makdissi Jr., que tem uma loja e uma confecção de moda íntima em São Paulo, está sofrendo o impacto da redução do poder de compra. Ele teve "uma queda drástica" nas vendas e hoje tem um faturamento 20% menor do que há um ano. "Roupa você pode usar a do ano passado, já alimentação, não tem jeito." Para estimular as vendas, ele aposta em liquidações.

Makdissi Jr. não é o único. O ritmo de expansão do varejo teve suave queda no mês passado. Segundo a Serasa Experian, a atividade do comércio recuou 0,2% em junho em relação a maio deste ano. No primeiro semestre, o varejo teve alta de 7,6% -apesar do bom resultado, foi o menor ritmo de crescimento dos últimos três anos.

Um dos principais motivos para esse freio é o alto nível de endividamento da população. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 58% das famílias com contas atrasadas têm dívidas maiores que sua renda -em 34% dos lares, os débitos são ao menos duas vezes maiores que o ganho mensal.

REVIRAVOLTA

Há dois anos, Kelly Cristina da Silva quase viu sua oficina mecânica ir à falência porque levava muito calote dos clientes e acabava se endividando com bancos e fornecedores. A empresa ainda acumula um rombo de R$ 30 mil em cheques sem fundo ou boletos não pagos.

Ela decidiu enxugar contas fixas, renegociar o aluguel e as dívidas e deixou de aceitar cheques. "Hoje, tenho mais estabilidade, mas a situação melhorou mesmo porque consegui reduzir o calote."

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