Índice geral Negocios
Negocios
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Tributos assustam investidores

Estrangeiros abrem empresa sem entender os impostos cobrados

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Uma empresa vende R$ 10 mil em serviços, mas tem um custo fixo mensal de R$ 20 mil. Está perdendo dinheiro, mas, mesmo assim, paga impostos para o governo. E, se o fornecedor demorar a pagar, recolhe o imposto antes de receber. Eu não consigo entender."

O desabafo de Jean-Luc Senac sai em um português perfeito, com leve sotaque francês. Ele diz que, na França, os impostos incidem sobre o lucro do empresário -não sobre o faturamento. Assim, se a empresa está iniciando suas atividades e não está ganhando dinheiro, fica isenta desses tributos.

De acordo com Letícia Fernandes do Amaral, vice-presidente do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS são encargos indiretos pagos por todos e que, no caso dos empresários, incidem sobre a receita e não sobre o lucro.

"O sistema tributário é muito complexo e complicado no Brasil, gera obstáculos e isso muitas vezes afasta investimentos", diz ela, destacando que uma empresa brasileira tem de cumprir 3.000 normas tributárias.

Amaral explica que, na Europa, além do Imposto de Renda e dos encargos trabalhistas (que também existem no Brasil), os consumidores e os empresários pagam o IVA (Imposto sobre o Valor Agregado), que não incide sobre a totalidade do serviço ou do produto, mas apenas sobre uma parte.

"Não é apenas a quantidade de tributos que assusta; a carga tributária também", diz Clarissa Machado, especializada em direito tributário e sócia do escritório Trench, Rossi e Watanabe.

QUEIXA GRINGA

Entre os estrangeiros ouvidos pela reportagem, foi unânime a queixa a respeito da complexidade e da quantidade de tributos do país.

"Além da complicação, há impostos diferentes para cada Estado. Se você contrata bons advogados, eles não sabem exatamente quanto vamos pagar de taxas, porque isso varia de acordo com o Estado onde o produto será vendido", afirma o alemão Max Reichel, 30, criador da loja virtual Oppa, que vende móveis de design pela internet.

Para o sueco Svante Westerberg, 46, que mora no Brasil desde 2004, o que "mata" o negócio são os custos.

"Eu pago um salário para meus profissionais e gasto o dobro com encargos trabalhistas", diz o empresário, um dos fundadores da maxiPago!, plataforma de pagamentos voltada para a América Latina.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.